Quinta-feira, 8 de Janeiro de 2009

Casa da Praça - Azurara - Vila do Conde


A Casa da Praça de Azurara, situada nas imediações da Igreja da Misericórdia, terá sido edificada nos últimos anos do século XVII. Uma campanha de obras executada entre 1970 e 1980 alterou de forma profunda a fachada posterior da casa, bem com a estrutura interior, mantendo-se apenas o modelo original do frontispício.

 

De planta rectangular, que se desenvolve longitudinalmente, a casa divide-se em dois pisos. O primeiro registo da fachada possui duas janelas com grade de ferro, uma em cada extremidade, e duas portas de moldura almofadada. O registo superior é rasgado por oito janelas de sacada com varandim de ferro, ao centro das quais foi colocada a pedra de armas da família que mandou edificar o palacete.


 

Texto: Catarina Oliveira  - GIF/IPPAR/ 21 de Setembro de 2006


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Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008

Casa de Submosteiro Ou Casa dos Vasconcelos - Vila do Conde

 


O actual Auditório Municipal de Vila do Conde foi, outrora, a residência da família Vasconcelos, que habitou este imóvel desde o século XVIII, data da sua aquisição, até à década de 1970, quando os seus descendentes venderam a casa para aí ser construído um Centro Comercial. A intervenção da Câmara acabou por interromper o processo, transformando o imóvel em auditório, sob projecto do arquitecto Maia Gomes (1986), e conservando a antiga fachada.

Não são muitas as informações disponíveis sobre o solar dos Vasconcelos, mas sabe-se que esta construção nasceu da casa sobradada adquirida por Paulo Fernandes para sua habitação, no século XVIII, e do celeiro construído por Jacinto Vieira de Barros, em 1689. A intervenção em ambos os espaços ocorreu na década de 1770, por iniciativa de Paulo José de Lima, que herdara do pai a casa sobradada, e Mónica Esclástica Monteiro de Barros, herdeira do celeiro.

A casa de planta rectangular, desenvolve-se em dois pisos, com fachada seccionada por pilastras. No primeiro piso, abrem-se duas portas e duas janelas, encontrando-se a porta central flanqueada por óculos polilobados e encimada pela pedra de armas dos Vasconcelos. Esta, interrompe o ritmo das janelas e sacada do andar nobre, assentes sobre mísulas e formando uma espécie de friso que acentua a divisão entre os andares.

Esta edificação, que pretendia constituir uma marca de poder por parte de quem a habitava, e que assim impunha à vila a sua ascendência nobiliárquica, integra-se num conjunto de imóveis que, pela mesma época, surgiram em Vila do Conde. A vocação piscatória desta localidade, bem visível nas suas habitações de carácter modesto, passou então a ser pontuada por uma série de casas brasonadas, cujos proprietários tinham ligações de parentesco com as freiras que professavam em Santa Clara.

 

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR


 


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Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2008

CASA DO ANJO SÃO MIGUEL - VALONGO

Foto: Maria Inês Dias - 04/08/06 - IPPAR


Inscrita na malha urbana de Valongo, a casa do Anjo São Miguel destaca-se pela fachada totalmente revestida a cantaria, em contraste com outras que a ladeiam e onde, já o século XX, foram aplicados pequenos azulejos rectangulares monocromáticos.

São muito escassas as informações relativas a este imóvel, conhecendo-se apenas a data da sua edificação, em 1766, conforme a inscrição presente na cartela sobre a porta principal.

O frontispício, de dois andares, é aberto por uma porta e uma janela, no piso térreo, e outras duas, de sacada, no andar superior. Todos os vãos são de linhas rectas e a janela inferior exibe moldura com avental trabalhado, e uma vieira no lintel. Ganham especial relevância as mísulas que suportam a varanda, cujos remates são esculpidos como rostos.

Como era habitual na arquitectura civil setecentista, o piso nobre beneficiava de um tratamento mais cuidado, que no caso deste imóvel se manifesta nos brincos das ombreiras e na cornija, volumosa. Esta, forma um semicírculo na área que existe entre as janelas de sacada, acolhendo e conferindo um maior destaque à escultura de São Miguel, à qual a casa deve a sua designação. A iconografia seguida na execução desta imagem é a que tradicionalmente se relaciona com o arcanjo, e que representa S. Miguel combatendo o dragão. De facto, observamos aqui a figura do anjo, erguido sobre o dragão, e a segurar a lança que projecta sobre o animal numa das mãos, enquanto, na outra, deveria pender uma balança, alusiva à condenação e à salvação. Este episódio pode encontrar-se nos seguintes versículos do Apocalipse (Ap. 2, 7-9): "Depois, travou-se uma batalha no céu: Miguel e seus anjos declaram guerra ao Dragão. O Dragão e os seus anjos combateram, mas não resistiram. E nunca mais encontraram lugar no céu: o grande Dragão - a serpente antiga - a que chamam também Diabo e Satanás - o sedutor de toda a humanidade, foi lançado à terra; e com ele foram lançados também os seus anjos".

Apostas à cornija, e no eixo dos vãos, encontram-se ainda duas cartelas de elementos concheados. No interior, apenas uma das salas do andar nobre apresenta tecto em masseira e uma fonte-lavabo, em granito.

Sem a imponência de um grande solar urbano, e sem a ostentação de poder conferida pelos elementos heráldicos destas habitações, a casa do Anjo São Miguel destaca-se, exactamente, pela figura que lhe dá o nome, e que constitui uma espécie de registo (boa parte dos quais em azulejo), em que São Miguel é, muito possivelmente, invocado como protector desta casa.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR


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Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008

Casa e Quinta de Dinis de Cima - Couto (Santa Cristina) - Santo Tirso

Foto: DGEMN: DSID


Situada na freguesia de Couto (Santa Cristina), a Casa de Dinis de Cima, envolta pela quinta à qual pertence, desenvolve-se numa planta em forma de U, que articula os dois volumes de maior destaque: os torreões.

As informações disponíveis sobre este imóvel não permitem concluir se esta é uma edificação de raiz, ou se, pelo contrário, radica numa construção medieval, profundamente alterada pela campanha do século XVIII. Na verdade, as denominadas casa-torre constituíram o modelo preferencial da habitação nobre na época medieval, onde este género de plano, com duas torres unidas por um corpo, foram uma das variantes adoptada e da qual restam alguns exemplos (AZEVEDO, 1969, p. 26). Esta planimetria foi, posteriormente, recuperada pela arquitectura setecentista que, muitas veze,s reedificou as torres originais. Na Casa de Dinis de Cima, e apesar da compartimentação dos alçados por pilastras, estes volumes conservam uma alusão militar, de função apenas decorativa, bem presente nas ameias que rematam quer as torres quer o volume que as une. O próprio portal em ogiva que se abre no muro evoca, também, a linguagem medieval. Menos próprio da época, são os muitos vãos que rasgam estes corpos, com molduras de cantaria de configuração diferenciada.

Assim, e sem abandonar totalmente a possibilidade de aqui ter existido uma outra edificação, bem anterior, certo é que ela foi profundamente alterada no século XVIII. As fachadas do pátio e dos corpos laterais contrastam vivamente com a imagem fortificada observada, ao apresentar um desenvolvimento mais depurado. No alçado mais longo, ganha especial importância a capela, a porta principal, bem como o conjunto formado pelo brasão de armas dos Correia Miranda (com certeza, a família proprietária do móvel) e a fonte. O brasão ocupa um lugar de destaque, ao elevar a linha da cornija, que forma um semicírculo. Por baixo, abre-se uma janela, e no plano térreo, encontra-se a fonte, de tanque rectangular, com espaldar decorado. Duas pilastras encimadas por pináculos, ladeiam a estrutura central, com a bica e, sobre a cornija, um nicho flanqueado por volutas é rematado por frontão curvo.

No interior, bastante alterado, apenas se conservam algumas das coberturas, em masseira.

Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR


Foto: DGEMN:DSID


 


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Sexta-feira, 2 de Maio de 2008

Casa da Quinta de S. Gens - Senhora da Hora - Matosinhos


Quinta de São Gens - de propriedade privada a sede de serviço público; a Quinta de São Gens parece ser uma das que andaram ligadas durante séculos ao morgadio instituído em Ramalde, um pouco antes de 1542, por João Dias Leite. Até à data da intervenção de Nasoni nas quintas de Ramalde de São Gens, o morgadio de Ramalde foi administrado sucessivamente pelo fundador e por seus descendentes. Terá sido durante a administração de D. Maria Leite (falecida em 1738), ou de seus filhos, que nas Quintas de Ramalde e de São Gens se realizaram as obras credivelmente delineadas por Nasoni, sendo notável a similitude entre ambas as casas. Num percurso ainda residencial, na década de 1920, a Quinta de São Gens foi vendida a um brasileiro, o qual executou na casa diversas obras de remodelação, depois desta ter sido alvo de um incêndio; em 1928, a Quinta foi adquirida pelo Estado para nela instalar a Estação Agrária do Douro Litoral, sendo hoje uma das quintas de apoio à acção da Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho.

A Quinta de São Gens no quadro das quintas do espaço suburbano portuense:

a Quinta de São Gens integra um conjunto de quintas do termo da cidade do Porto cujo arranjo e enobrecimento é atribuído a Nicolau Nasoni. Efectivamente, são atribuídas ao italiano importantes intervenções no arranjo nas quintas:

a. da Prelada (IIP, Decreto nº 129/77, de 29.9); b. do Chantre (IIP, Decreto nº 95/78, de 12.9); c. da Bonjóia ("em vias" de classificação); d. de Santa Cruz da Maia, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, ("em vias" de classificação); e. de Ramalde (IIP,Decreto nº 129/77, de 29.9) f. e São Gens

Conforme se afirmou anteriormente consta que, na década de 1920, a casa sofreu um incêndio, vindo a ser remodelada, ao que parece, pelo brasileiro que a comprou aos antigos proprietários; terá sido então que lhe foi acrescentado um prolongamento para o lado N. E que se ampliou o pátio para o mesmo lado, suprimindo as escadas exteriores e ajardinando o terreiro fronteiro, com canteiros abiscoutados, plantados de palmeiras e arbustos, em obediência ao gosto então expandido entre nós por numerosos emigrantes enriquecidos no Brasil, podendo-se levantar a hipótese de ter sido nessa altura que se realizou a transferência das estátuas, tanque a bancos atribuídos a Nasoni. Na década de 1930, o ajardinamento do pátio foi, de novo, remodelado, sob a orientação do Engº Ruela e plantado com fruteiras; finalmente, já em fins da década de 1980, sob a orientação do Arqtº Ilídio de Araújo, foi realizado novo arranjo do jardim.


IPPAR - (Elvira Rebelo)

 


 

 

Fotos: José Eduardo Gama (2006)



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Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

Casa dos Arcos - Marco de Canaveses

Photobucket

Foto: CM-marco-canaveses


 

A Casa dos Arcos foi edificada no século XVI pela família Almeida Peres, correspondendo a edificação primitiva ao núcleo habitacional principal, de planta rectangular. Na centúria seguinte, foi acrescentado, numas das extremidades do edifício, um novo corpo residencial, que alterou a disposição da casa.

De planta em L, o solar divide-se em dois pisos. A fachada principal apresenta-se rasgada por duas arcadas, correspondentes aos diferentes registos da casa, separadas por friso.

No piso térreo encontra-se uma sucessão de arcos de volta perfeita, aos quais corresponde, no andar nobre, uma arcada composta por arcos abatidos que descarregam em pequenas pilastras.

Em cada uma das extremidades do frontispício foram abertas duas janelas, uma em cada piso. Junto ao cunhal direito da casa foi colocado a pedra de armas dos proprietários.

Texto: IPPAR



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Quarta-feira, 9 de Abril de 2008

Casa de Vila Verde - Lousada

 


 

A Casa de Vila Verde produz vinho pelo menos desde a segunda metade do século XVII, quando era seu proprietário Semião Pinto de Mesquita. A casa de habitação que hoje se observa teve, certamente, diferentes campanhas de obras, sobre as quais apenas é possível estabelecer uma datação conjectural. É, com certeza, mais antigo o corpo lateral, que recorda as casa-torre medievais.

Admite-se que os dois primeiros pisos possam remontar ao século XVI, e que o último seja contemporâneo da construção do corpo principal pois as molduras dos vãos revelam maior proximidade entre si. Pelo contrário, no torreão , o piso térreo é aberto por duas portas e uma janela e o andar intermédio é marcado por uma loggia reduzida.

A divisão entre os pisos foi mantida no corpo longitudinal, com o prolongamento do friso do torreão. Este alçado é aberto, ao nível do andar nobre, por janelas de guilhotina cujo ritmo converge, ao centro, para o eixo formado pela porta principal e pela mansarda de remate contracurvado e pináculos laterais e central. A fachada é antecedida por uma escadaria de dois lanços opostos, que se desenvolvem no mesmo plano do alçado conferindo-lhe, ainda assim, um maior dinamismo.

Por fim, na capela, independente da casa, apenas há a assinalar a pedra de armas sobre o portal, o frontão triangular que remata a fachada, ladeado por pináculos e o campanário de dimensões reduzidas.

 


 

 

CAPELA


Foto: Rota Vinho Verde
Texto: (Rosário Carvalho/IPPAR)


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Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007

Casa Primo Madeira - Rua Campo Alegre - Porto

 

Casa Primo Madeira

 

Esta casa, situada na zona residencial do Campo Alegre, entre outras habitações de famílias destacadas do Porto, pertenceu à família do industrial têxtil Primo Madeira, constituindo uma amostra do ambiente burguês do Porto dos séculos XIX e XX. É um palacete de alguma imponência, enquadrado por um jardim harmónico, reflectindo o gosto de uma elite influenciada pela importante colónia britânica da cidade.
A planta é rectangular, desenvolvendo-se os alçados em dois pisos e cave. A entrada, na fachada principal, faz-se através de um terraço avançado, que forma varanda no piso superior. As molduras das janelas e os frisos em cantaria, as cornijas e balaustradas que rematam a fachada, e a varanda com escadaria de granito que abre a fachada posterior para o jardim, são elementos tradicionais que enobrecem a casa.
Na casa funciona hoje uma biblioteca com estruturas de apoio, de acordo com o projecto de recuperação da autoria do arquitecto portuense Fernando Távora, que recebeu em 1990 o Prémio "João de Almada", atribuído pela Câmara Municipal do Porto.

 

Casa Primo Madeira

 

(IPPAR)

 


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Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Casa e Quinta da Revolta - Campanhã - Porto

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Foi sobre uma plataforma elevada, com forte relação visual com a paisagem circundante e nas proximidades das conhecidas Quintas da Bonjóia e do Palácio do Freixo, traçadas pelo conhecido arquitecto italiano, Nicolau Nasoni (1691-1773), que, entre os séculos XVII e XVIII, se mandou erguer a Quinta, em tempos, conhecida pela designação de Revolta, talvez pelas características da sua planta, embora seja mais credível que a origem do nome decorra, justamente, de uma revolta ocorrida nas suas imediações durante as invasões francesas ou, até mesmo, na época de D. Maria I (1734-1816).
Na actualidade, este antigo complexo residencial e agrícola é, sobretudo, identificado pelo nome de "Horto do Freixo", em virtude do enorme investimento empreendido pelos actuais proprietários na área da jardinagem e dos viveiros.
Com efeito, a Quinta perpassou várias épocas e episódios até converter-se no Horto que tanta projecção lhe tem conferido nos nossos dias, resultante de várias edificações, acrescentamentos e restauros levados a cabo desde os idos de seiscentos, embora alguns autores considerem a possibilidade de o edifício primordial remontar às duas centúrias precedentes.
Uma das poucas certezas documentais residirá, no entanto, na existência, em meados do século XVIII, da Capela consagrada a Nossa Senhora da Conceição. Quase um século depois, em 1851, os 4ºs. Viscondes de Balsemão aforaram a Quinta ao próprio irmão do Visconde, José Alvo Pinto de Sousa Coutinho de Balsemão, que, entre 1857 e 1861, ter-se-á destacado na promoção da cultura e educação do território angolano. Não obstante, a Quinta seria vendida, logo na década seguinte, ao abastado negociante portuense, José Duarte de Oliveira, para, em 1918, ser comprada pelo conhecido horticultor do Porto, Alfredo Moreira da Silva, em mãos de cujos descendentes ainda permanece.
A área habitacional, propriamente dita, é composta de casa apalaçada de dois pisos, de planta em "L", abrangida por um amplo terreiro com jardim de buxo desenvolvido em torno de um tanque circular granítico. Deste conjunto será, todavia, de realçar a capela adossada à extremidade direita do seu alçado principal, ao qual se acede, aliás, por um portão encimado pela pedra de armas do século XIX, embora ainda de estilo Rocaille, dos Alvo, Brandão e Azevedo. Quanto à capela, ela destaca-se pela presença de um portal de verga curva coroado por frontão arqueado interrompido por um janelão, sendo a cornija rematada por dois pináculos, sendo ainda possível admirar no seu interior os elementos remanescentes do friso azulejar policromado oitocentista.

 

(Fonte: IPPAR)


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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007

Casa da Rua da Alfândega Velha ou Casa do Infante

 




Em 1120, o casario junto à Sé do Porto, juntamente com várias isenções e propriedades anexas, foi doado pela rainha D. Teresa ao bispado da diocese, cinco anos antes separada da metrópole bracarense. O burgo portuense pertencia desde então à Mitra, que dominava igualmente o comércio marítimo e fluvial em torno da movimentada zona ribeirinha. Ao longo do século XIII, a Coroa manifestaria uma natural tendência para, em marcada oposição ao Bispado, assumir o rendoso senhorio aduaneiro do Porto, começando pela tentativa de instalar infra-estruturas régias em áreas limítrofes dos domínios eclesiásticos, caso de Vila Nova de Gaia, a partir de 1255, ou, já no século XIV, em casas junto à ermida de São Nicolau, perto da Fonte Taurina, então Fonte Aurina. E é justamente na sequência deste movimento que D Afonso IV manda erguer, em 1354, uma imponente casa da Alfândega, na margem direita do Douro, onde funcionaria também a Casa da Moeda, já laborando no reinado de D. Fernando, embora apenas em 1406 D. João I tenha ordenado o acrescentamento do anexo a esta destinado.
Os recentes estudos e as importantes escavações arqueológicas realizadas no complexo alfandegário revelam uma estrutura primitiva constituída por dois torreões unidos através de um pátio central, claro modelo medieval de edifício urbano de "prestígio" (REAL, GOMES, TEIXEIRA, 1992) entretanto radicalmente alterada por obras de ampliação sucessivas desde o século XV. Para além de alfândega e armazém de mercadorias, o edifício serviria ainda para albergar os funcionários régios, e possivelmente também o rei e a família real durante as suas estadias no burgo, inclusivamente por ser este o primeiro imóvel régio do Porto, e o mais importante prédio civil, permanecendo durante a época medieval como símbolo da afirmação do poder real na cidade. A descoberta da zona habitacional parece confirmar a tradição segundo a qual nesta casa terá nascido, em 1394, o Infante D. Henrique, donde a designação de Casa do Infante.
O "almazém" régio foi ampliado no século XV, devido ao crescimento do comércio marítimo na cidade, que continuaria a acentuar-se ao longo dos séculos seguintes. Em 1656 foram realizadas obras das quais pouco se conhece, e a partir de 1677, por ordem de D. Pedro II e execução do marquês da Fronteira, vedor da Fazenda, a Casa da Alfândega foi praticamente reedificada. Manteve-se o pátio interior, mas as torres quatrocentistas foram substituídas por alpendres cobertos, e a cota dos novos pavimentos foi uniformizada. Os armazéns interiores foram unidos num espaço organizado em três naves com arcarias, e a fachada principal, que em 1462 já avançara em direcção à rua, recebeu mais dois pisos, passando a dominar de forma ainda mais marcante o espaço público. Neste corpo principal funcionavam então os serviços deslocados das torres, e aí foi construída uma larga escadaria central de acesso à zona de habitação do segundo piso.
Até finais do século XIX não foram realizadas obras de grande significado, embora se tenham aberto portas de ligação com um edifício contíguo, para ampliar os serviços. Com a construção da nova Alfândega em Miragaia, em funcionamento a partir de 1869, as antigas instalações foram progressivamente abandonadas, e o corpo posterior foi arrendado. Já em meados do século XX, cessado o arrendamento, o conjunto sofreu importantes obras de conservação; as escavações arqueológicas em curso a partir de 1991 permitiram identificar, para além das citadas estruturas medievais, também os vestígios de uma grande construção romana, com pavimentos em mosaico, datável do Baixo Império. As mesmas escavações permitiram conhecer o mestre arquitecto das obras medievais, João Eanes Melacho, cujo nome consta de uma inscrição quatrocentista num cunhal do edifício. Actualmente, funcionam aí os serviços do Arquivo Histórico Municipal. Destacam-se o escudo de armas de D. João I, no nº 47, e o portal setecentista da entrada da Rua do Infante D. Henrique, no nº 53.

(Fonte: IPPAR)


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