Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008

Quinta da Eira - Bustelo - Penafiel

Situada a 35 km do Porto, em Bustelo - Penafiel, a Quinta da Eira é uma propriedade rural de cerca de 12 hectares, onde o proprietário, Luis Pinto da Silva  adaptou todas as estruturas necessárias à realizacão de programas para diferentes públicos.
Um passeio pelo campo, o contacto com diversos animais, um almoço de amigos, uma corrida de buggies, um jogo de paintball, ou uma vertiginosa descida de slide são, entre muitas, algumas das sugestões propostas.
Um espaço pensado e funcional onde tudo é agradável e animado.
Seja bem vindo à Quinta da Eira...
Diversos pavilhões devidamente equipados têm uma utilização sempre à medida das necessidades especificas de cada público.
Os espaços de lazer foram distribuídos na Quinta de forma a não interferirem com o sossego tão característico do campo que alguns podem compreensívelmente preferir.
O slide, o cenário de guerra para o paintball, a pista de buggies, a carreira de tiro, tudo disposto em pontos chave, por forma a permitir ao visitante escolher a actividade pretendida, numa escala cuja dificuldade, aqui, se torna fácil graduar.

Fonte: Site Quinta da Eira


publicado por MJFSANTOS às 06:25
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Sábado, 14 de Junho de 2008

Mosteiro de Bustelo, Penafiel

Fundado, muito possivelmente, entre os séculos X e XI, o Mosteiro de Bustelo foi alvo de diversas campanhas de obras. No século XVII contam-se várias intervenções, que incidiram sobre o claustro, a portaria, os dormitórios, e outras dependências conventuais. Foram, no entanto, as obras do século XVIII que marcaram decisivamente a arquitectura do mosteiro e lhe conferiram o aspecto que hoje conhecemos. Os documentos encontrados no cartório de Bustelo permitem um acompanhamento gradual desta reedificação e actualização estética e litúrgica. Como é sabido, a reforma beneditina obrigou a eleições trienais, o que facilitou, em muito, a chegada até aos nossos dias destes registos e consequentes obras e feitos realizados sob os diferentes abades.

A igreja teve início em 1695, sob o "projecto" ou ideia do próprio abade, D. Manoel do Espírito Santo, erguendo-se a fachada até pouco mais de "meya altura". Contudo, o prelado eleito em 1704, Frei Matias de Lacerda, acabou por mandar deitar abaixo o dito alçado, por considerar ser muito "defeituoso", conservando apenas as torres. Entretanto, Frei Jerónimo Peixoto, deu continuidade às obras, a partir de 1698, edificando a livraria e os dormitórios. O já referido Frei Matias, continuou a igreja, dotando-a da abóbada do coro e da nave, lançando a escada que liga o coro ao claustro. As obras sofreram um atraso durante a governação de Frei Luís de S. Boaventura, em 1707, menos vocacionado para a arquitectura, mas a igreja continuou e ergue-se o braço do cruzeiro. Em 1710 terminou-se o arco triunfal com as armas de São Bento, e dotou-se o cruzeiro de retábulos colaterais e a nave de púlpitos. A eleição de 1713 trouxe o término da igreja, e a reparação dos estragos entretanto causados por um raio.

Seria necessário esperar pelo trinénio iniciado em 1740 para ver a capela-mor concluída, com os altares e restante equipamento. O cadeiral do coro surge referenciado em 1761, no mesmo ano dos quatro retábulos.

O plano geral obedece aos modelos conventuais beneditinos, com igreja de planta cruciforme, de nave única, com coro alto e capela-mor, apresentando as restantes dependências articuladas em função do claustro, de dois pisos (o primeiro com arcaria e o segundo fechado) e com uma fonte barroca ao centro, com a figuração de São Miguel.

A fachada da igreja, flanqueada pelas torres, é aberta pelo portal principal, encimado pelo frontão interrompido a que se sobrepõem dois janelões e um nicho. Remata o conjunto, um frontão contracurvado. No interior, ganham especial relevância os altares laterais da nave (rococós) e o retábulo-mor (joanino), bem como, no campo da talha dourada, o cadeiral com 25 lugares, em cujos espaldares se relatam as vidas de São Bento e Santa Escolástica.

 


 

Texto: (Rosário Carvalho) - IPPAR

Fotos: DGEMN: DSID; (IPPAR)

 


 


publicado por MJFSANTOS às 10:58
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Domingo, 8 de Junho de 2008

Igreja da Misericórdia de Penafiel

Portuguese_eyes (2006)

 


Com existência conhecida desde o século XVI, e sediada na capela em frente da matriz, a Misericórdia de Penafiel apenas beneficiou de igreja própria na segunda década do século XVII. A sua edificação deve-se à iniciativa do padre Amaro Moreira, cujas doações e legados pios permitiram fortalecer a Irmandade e construir uma nova igreja (no denominado rossio das Chãs), na qual foi sepultado (na capela-mor). As obras tiveram início na década de 1620, estando concluídas, muito possivelmente, em 1631, data que figura numa inscrição patente na capela-mor, que nos informa ainda da dotação de Amaro Moreira. O partido arquitectónico adoptado é, de alguma forma, ambíguo, e ainda que se possa inscrever numa linguagem maneirista, motiva análises como a seguinte: "a igreja da Misericórdia corresponde a uma tipologia de austeridade, fiel à traça sem estilo, (...) que imperou pelo país desde o início da década de 60 do séc. XVI, com a tendência gradual para o predomínio das ordens dórica e toscana. Trata-se de um edifício assumido na sua forma chã, mesclado de elementos eruditos, no qual a gramática clássica se articula segundo uma estética de liberdade". O seu frontispício, concebido como um retábulo, inscreve-se nas denominadas fachadas-retábulos. É delimitado por pilastras, nos cunhais, que acentuam a sua verticalidade, sendo que a do lado direito separa o alçado da torre sineira, setecentista, que se eleva bem acima da linha da empena, terminando numa cúpula bolbosa, revestida por azulejos. No interior, a nave única e a capela-mor, alta e bastante profunda, são articuladas pelo arco triunfal, flanqueado por pilastras e encimado por frontão triangular. Na capela-mor, o tecto é em caixotões de cantaria, numa composição de linguagem seiscentista, tal como o arcosólio onde se inscreve o túmulo de Amaro Moreira e seus descendentes. O património integrado que hoje podemos observar neste interior é muito posterior, remontando na sua grande maioria ao final do século XVIII e inícios da centúria seguinte, e substituído os originais de época barroca. A linguagem aqui presente é já neoclássica, conhecendo-se os nomes dos entalhadores responsáveis pela execução dos retábulos.

Recuando alguns anos, importa referir uma das obras mais significativas de que o templo foi alvo, pois denuncia não apenas a importância da actualização estética do imóvel, e a adaptação às alterações urbanísticas do espaço envolvente, mas também o respeito pelo património construído e a aposição de um elemento que, no entanto, alteraria por completo a leitura do imóvel. Com o crescimento de Penafiel, a malha urbana envolveu a igreja, reduzindo significativamente o espaço fronteiro à fachada principal. Assim, foi decidido levantar um novo frontispício, virado para a praça, e que corresponderia ao corpo da nave e capela-mor do lado da Epístola. Esta imponente fachada, que seria flanqueada por torres, foi licenciada pela Câmara em 1764, mas as obras interromperam-se em 1769 por manifesta falta de recursos e algumas irregularidades. Dez anos mais tarde os trabalhos deveriam ter sido retomados, mas uma polémica entre a Irmandade e a Câmara devido às licenças necessárias, impediu que tal acontecesse, e o caso apenas foi resolvido em 1780, pelo Desembargo do Paço, a favor da Misericórdia. Todavia, a obra nunca foi concluída, e o que hoje observamos é apenas uma parte da monumental fachada projectada. De linhas e elementos decorativos rocaille, o alçado desenvolve-se em planta contracurvada, que destacam a composição central formada pela porta, nicho e óculo, flanqueada pelos cunhais onde se abrem os nichos. Ao lado, ergue-se a capela da Senhora da Lapa, de linhas menos eruditas, e edificada em substituição da parte da fachada que ficou por levantar. Da mesma época deverá ser, ainda, a capela do Senhor dos Passos, na cabeceira da igreja.

 


 

 

Portuguese_eyes (2006)

 


 

 

 

 

Texto: IPPAR - (RC)

Fotos: Portuguese_eyes (2006)

 


 


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Sexta-feira, 6 de Junho de 2008

Casa e quinta da Companhia - Paço de Sousa - Penafiel

A história da Quinta da Companhia, que deve a sua designação à Companhia de Jesus (original possuidora desta propriedade), encontra-se intimamente associada à história do Mosteiro de São Salvador de Paço de Sousa, a partir do século XVI, quando o Cardeal D. Henrique foi abade-comendatário desta casa religiosa. De facto, o futuro regente e rei encontra-se no centro da questão que envolveu os monges beneditinos de Paço de Sousa e os jesuítas.

D. Henrique tornou-se abade-comendatário deste convento em 1535, cargo que trocou, três anos mais tarde, pelo do Mosteiro de Castro de Avelães, regressando a Paço de Sousa em 1560. A cedência dos direitos comendatários à Companhia de Jesus é posterior. No contexto da reforma dos mosteiros de S. Bento, o Papa Pio V ordenou que todas as casas que não pudessem ser reformadas, fossem cedidas a outras ordens, o que veio a acontecer a Paço de Sousa, entregue à Companhia de Jesus, ou mais precisamente, ao colégio do Espírito Santo de Évora, em 1570. Contudo, os beneditinos opuseram-se a esta resolução e, em 1578, o Papa Gregório XIII acabou por anular a anterior disposição, cedendo à Companhia apenas a renda da mesa abacial. Aos beneditinos cabia a posse do mosteiro e a renda da mesa conventual, em todo o caso, bastante inferior à dos jesuítas.

Uma vez que os religiosos de São Bento conservavam as instalações conventuais, os jesuítas viram-se obrigados a construir uma casa professa e respectivo celeiro, que correspondem, hoje, à Casa da Companhia. Os terrenos para concretizar este empreendimento foram trocados com o mosteiro. Com a extinção da Companhia, em 1759, esta propriedade (com os foros da Mesa Abacial) foi adquirida pelo negociante José de Azevedo e Sousa, de Vila Nova de Gaia, que instituiu os bens em Morgado, deixando-o à sua segunda filha. A família manteve a Quinta na sua posse e, na segunda metade do século XIX foi, precisamente, um dos seus descendentes o responsável pelas profundas obras de remodelação da Casa, Diogo Leite Pereira de Melo, fidalgo da casa Real e presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia. Contudo, a intervenção não foi tão vasta quanto o desejava Diogo Leite, uma vez que os planos iniciais não puderam ser cumpridos por falta de recursos financeiros. Com a sua morte a Quinta foi vendida e o novo proprietário realizou uma série de reformas, que incidiram, principalmente, ao nível do interior.

O acesso à Quinta faz-se através de um portão recortado, ladeado por pináculos e coroado por pedra de armas. A fachada principal desenvolve-se em três pisos e é aberta por uma série de vãos, simétricos. O acesso ao primeiro piso é feito através de uma escadaria exterior, de desenho irregular, de lanços convergentes (dois de um lado e apenas um do outro).

Paralela à fachada, encontra-se ainda a capela, de nave única e coro alto que comunica com o piso intermédio do edifício de habitação. O alçado principal deste pequeno templo é flanqueado por duas pilastras cunhais, encimadas por pináculos e, ao centro, abre-se o portal, rematado por frontão curvo, interrompido por pinha, ao qual se sobrepõe um óculo. No interior, destaca-se o retáblo-mor, de talha dourada que se insere ainda num contexto seiscentista, ou proto-barroco, bem como o tecto, em caixotões, dourado e policromado.

Como já referimos, a casa foi objecto de profundas modificações entre os séculos XIX e XX, que lhe conferiram um aspecto mais próximo do neoclássico. Contudo, a capela conservou o traçado depurado e maneirista da época da sua construção. Ela é a mais viva memória da antiga vivência jesuíta, a par do celeiro, de características funcionais e implantado a Sul da habitação actual.

A Quinta desenvolve-se nos terrenos que cercam a casa, integrando espaços ajardinados, e a mata, onde é possível encontrar várias árvores centenárias e alguns locais de lazer, entre os quais destacamos a denominada Fonte dos Frades.

 


 

Texto: (RCarvalho) - IPPAR

Fotos: DGEMN: DSID


 


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Quinta-feira, 5 de Junho de 2008

Termas de São Vicente - Pinheiro - Penafiel

 

 

Localizado junto à rib.ª da Camba, este edifício termal foi construído durante a Antiguidade.

Constituído por um único edifício, estas termas medicinais romanas apresentam duas entradas, uma das quais acede a um compartimento de planta quadrangular, através do qual se pode entrar num outro compartimento similar, sendo possível que um deles funcionasse como apodyterium, embora de ambos se acedesse ao frigidarium, localizado numa sala centralizada e situada a uma cota inferior aos restantes aposentos. Este mesmo compartimento encontra-se aberto para um outro de planta rectangular, onde se encontra uma piscina com cerca de 1 m de profundidade, circundado por um banco corrido. É defronte desta sala que se observa uma outra, de igual modo com piscina, desta feita de topo semircular, também ela rodeada de uma bancada.

No que diz respeito aos aposentos aquecidos por hypocaustum, eles situam-se no topo sul deste complexo termal. Enquanto a sala I possuí paredes de topo semicircular e cobertura abobadada de tijolo, a sala H - o laconicum -, apresenta planta quadrangular com paredes revestidas de alveoli. Ambos os compartimentos, assentes sobre os arcos das fornalhas (onde se encontrava uma grande bacia de bronze para produção do necessário vapor), foram pavimentados com tegulae cobertas com opus signinum. Precedia estas duas salas um aposento de pequenas dimensões e de planta rectangular, que deveria funcionar como guarda-vento dos compartimentos aquecidos.

 


Fotos: DGEMN: DSID

Texto: IPPAR

 


 


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Quarta-feira, 4 de Junho de 2008

Igreja de São Pedro de Abragão - Penafiel

 


Apesar de bastante transformada pelas obras seiscentistas e setecentistas, a igreja paroquial de Abragão é um monumento importante para a caracterização do Românico do Douro Litoral "do segundo quartel do século XIII", e para as relações estilísticas entre as muitas construções vizinhas das bacias dos rios Sousa e Tâmega. As suas origens são, todavia, anteriores, recuando à primeira metade do século XII (1145), data em que se menciona já a igreja.

Os elementos mais antigos que hoje se conservam são do século XIII, época em que o primitivo templo foi objecto de grandes obras. Por volta de 1200, e por patrocínio de D. Mafalda, filha de D. Sancho I, ter-se-á reformado integralmente o edifício, campanha que se prolongou até, pelo menos, os meados da centúria.

É precisamente desse meio de século que data a capela-mor, compartimento de planta rectangular organizado em dois tramos, cuja marcação exterior é feita por contrafortes de escadaria que lembram os mais antigos utilizados em São Pedro de Rates, sintoma de um possível ressurgimento de formas originais numa altura de clara decadência do estilo românico. Executada com aparelho de grande qualidade e de gigantescas proporções, a capela é totalmente rodeada, a meia altura, por um friso de "aspecto cordiforme invertido (...) em enrolamento contínuo", "em tudo semelhante ao de Paço de Sousa", e é limitada superiormente por uma cachorrada de modilhões de perfil quadrangular e lisos, à excepção de um que apresenta uma muito desgastada figuração humana.

Interiormente, os dois tramos da capela-mor são cobertos por abóbada de berço quebrado que descarrega, ao centro, sobre colunas parcialmente embebidas. O arco triunfal é já levemente apontado e a decoração concentra-se nos seus capitéis, sendo o do lado Norte composto por quatro aves afrontadas de pescoços entrelaçados, e o do lado Sul por dois bustos humanos que parecem suportar o peso da estrutura do templo, estes últimos muito próximo plasticamente a um capitel do portal Sul da igreja de Santiago de Antas, em Famalicão. Sobre o arco triunfal, abre-se uma pequena rosácea, cujo preenchimento é feito por uma gelosia pétrea em forma de estrela de cinco pontas.

Em 1668, "por padecer ruína", a igreja foi parcialmente reconstruída, substituindo-se a nave românica pela actual. O promotor destas obras foi o abade D. Ambrósio Vaz Goliaz, que se fez sepultar no interior da igreja, junto à fachada principal, em túmulo de granito com jacente, sobrepujado por ampla legenda epigráfica, comemorativa da reforma. O projecto seiscentista dotou o templo de uma nave relativamente ampla, com entrada lateral e capela baptismal quadrangular, ambas a Norte. Grandes janelões rectangulares, abertos nos alçados lateral e principal, iluminam o interior, onde se destacam o coro-alto, de varandim de ferro, e o púlpito, adossado à fachada lateral Sul.

Datam do século XVIII as principais obras de talha dourada do interior, em particular o retábulo-mor, joanino, de estrutura tripartida delimitada por colunas pseudo-salomónicas. Em 1820, construiu-se a torre sineira, de secção quadrangular, que se adossa ao lado Sul da fachada principal e cujo figurino repete o modelo de torre sineira barroca.

Passando ao lado dos grandes restauros medievalizantes dos meados do século XX, a igreja de São Pedro de Abragão conserva os principais elementos da sua história, em particular as marcas das duas épocas distintas que a compõem. No interior do Douro Litoral, e já inserida em núcleos de povoamento mais tardios, a sua capela-mor é bem um testemunho das vias estilísticas decadentes do Românico, mas também das muitas reminiscências que este estilo deixou pela arquitectura religiosa nortenha do século XIII.

 


Texto: IPPAR - PAF

Foto: Fmars


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Terça-feira, 3 de Junho de 2008

Solar e Torre da Honra de Barbosa - Rans - Penafiel

 


A actual configuração da torre da Barbosa poderá esconder um dos mais antigos testemunhos de arquitectura militar medieval no nosso país. A tradição tem apontado o ano de 866 como o da construção de uma primitiva estrutura militar neste local, na sequência da doação do lugar de Bordalo (topónimo que tem sido interpretado como o mesmo a que corresponde a actual torre), feita por Afonso III das Astúrias ao conde D. Hermenegildo. No entanto, até ao momento não se identificaram quaisquer vestígios dessa primitiva estrutura e só um programa de intervenção arqueológica o poderá esclarecer.

No século XII, possuímos informações mais seguras acerca do monumento. Reinando D. Afonso Henriques, a Terra de Penafiel esteve na posse de D. Mem Moniz (irmão de D. Egas Moniz), nobre a que se atribui a construção de um paço fortificado no local. Por testamento, a propriedade passou a sua filha, D. Teresa Mendes e, por casamento desta, para a mão de D. Sancho Nunes de Barbosa, o primeiro nobre a usar este apelido no nosso país e a cuja existência se deve a alteração do topónimo.

Infelizmente, dessa fase românica da propriedade nenhum testemunho material chegou até hoje, mas a sua antiguidade é atestada logo no reinado de D. Dinis. Nas Inquirições então efectuadas, a quinta é mencionada como "honra de Barbosa Velha", certamente por contraste com outras propriedades nas imediações de instituição mais recente.

O aspecto actual da torre medieval data de meados do século XIV e, posteriormente, de duas reformas levadas a cabo nos reinados de D. João I e de D. Manuel. Em 1334, a honra foi repartida por vários herdeiros, cabendo a parte que incluía a torre senhorial a D. Leonor Mendes e a seu marido, D. Martim Anes de Sousa. Com a subida ao poder da nova dinastia de Avis, a propriedade foi doada aos Malafaias e Azevedo, que a transformaram em solar familiar. Datará destas duas alterações de posse a construção que actualmente subsiste, tendo sido mais difundida a hipótese que a situa no século XV, embora as suas características a pareçam colocar um pouco mais atrás no tempo.

A torre é uma estrutura de planta quadrangular, de dois andares marcados por vãos abertos nos alçados, e encimada por uma linha de ameias a toda a sua volta. O "aparato denso dos muros", que aparecem aqui "desprovidos de aberturas", confere-lhe um aspecto mais arcaico que aquele que seria de supor numa construção do século XV, embora esta seja uma convicção com base em analogias estilísticas, não se alicerçando em datações absolutas.

No reinado de D. Manuel, a torre foi objecto de uma modernização, cujo alcance é ainda mal conhecido. As janelas do piso superior foram modificadas, para albergar um arco polilobado abatido de perfil manuelino. Dessa campanha, deverão datar também as ameias chanfradas que rodeiam o edifício e as gárgulas de canhão dispostas nos seus ângulos, aspectos que "denunciam a sensibilidade da época manuelina".

Por essa mesma altura, ter-se-ão dado importantes transformações nas partes habitacionais, alterações que a época moderna se encarregariam de aprofundar. Actualmente, um corpo de dois andares, mas bastante mais baixo que a torre, adossa-se-lhe a uma das faces laterais e possui planta em L. A entrada principal é no piso nobre do corpo menor, com patim alpendrado e acesso através de uma escadaria paralela ao corpo maior. No piso térreo, abrem-se várias portas e janelas, de carácter utilitário e de vocação agrícola e de serviço. O piso superior é fenestrado regularmente por janelas em guilhotina, elementos que conferem clara monumentalidade e carácter nobre a esta parte do conjunto.

Outras transformações foram, entretanto realizadas, tendo a quinta chegado aos nossos dias como uma soma de múltiplas fases construtivas, cujo estudo rigoroso se impõe como única via de melhor se conhecer a sua história.


Texto: IPPAR - PAF

 


Fotos: www.monumentos.pt

 


 


publicado por MJFSANTOS às 12:19
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Quarta-feira, 28 de Maio de 2008

Fonte armoriada nos jardins da Casa de Cabanelas - Bustelo - Penafiel - Porto

A fonte armoriada que se encontra no terreiro fronteiro à Casa de Cabanelas é uma construção setecentista, certamente integrada no conjunto de obras de ampliação do edifício habitacional iniciadas em 1690 e apenas concluídas em 1771.

A fonte barroca apresenta espaldar definido por pilastras laterais encimadas por vasos, e unidas por aletas que formam um frontão triangular, interrompido. Ao centro, entre volutas e outros enrolamentos que preenchem a totalidade do pano murário, observa-se um escudo esquartelado: no primeiro, Pereira; no segundo Sotomaior; no terceiro Silva; e no quarto Meneses. Tem elmo de perfil e timbre dos Pereiras. A bica, em forma de carranca, jorra água para um tanque formado por uma pedra escavada.

Sobre a casa são relativamente escassas as informações disponíveis. A data de 1690, que tem vindo a ser entendida como o início das obras de ampliação de um imóvel já aí existente, encontrava-se numa janela de pedra que ligava a casa à capela. A janela encontra-se, hoje, no Museu Arqueológico de Penafiel, depois de ter sido substituída por uma porta, em meados do século XX. Não se conhece também o nome do proprietário que patrocinou estas obras, apenas se identificando D. Teresa Maria da Silva e Magalhães, como Senhora da Casa, cerca de 1700. Já em 1771, ano que surge no peitoril de uma outra janela, estava à frente dos destinos da propriedade Bento Rodrigo Pereira Sotomaior e Meneses, casado com Clara Rosa Benedita de Barbosa.

Terá sido o seu pai, António Afonso de Meneses Pereira de Sotomaior que casou em 1732 com a herdeira da Casa de Cabanelas, Clidónia Rosa de Magalhães da Silva, o responsável pela edificação da fonte, tal como parecem indicar as armas observadas no escudo. No mesmo sentido concorre a própria configuração da fonte, naturalmente atribuída à primeira metade do século XVIII.

Resta referir que a casa, de planta rectangular, desenvolve-se horizontalmente, apresentando uma longa fachada. A capela, numa das extremidades, é uma construção de meados do século XX, época em que antiga foi demolida para dar lugar ao templo que hoje conhecemos, numa localização diferente da original. O frontispício do conjunto habitacional caracteriza-se por uma enorme depuração, com janelas ao nível do andar nobre e portas de verga recta no piso térreo. Ao centro, e emprestando algum dinamismo ao alçado, uma escadaria de lanço único permite o acesso à porta principal, no andar nobre. Sobre a cornija, ergue-se um outro piso, possivelmente acrescentado numa época posterior, que desenha um frontão triangular sobre a entrada. Entre a casa e a capela, ergue-se um corpo com varanda protegida por balaustrada. Na fachada Oeste encontra-se uma torre ameada, vestígio de construções mais antigas, e outras dependências de cariz utilitário.



Texto: (Rosário Carvalho) - IPPAR

Foto: DGEMN: DSID


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Terça-feira, 27 de Maio de 2008

Igreja paroquial de Cabeça Santa ou Igreja de São Miguel da Gândara - Penafiel - Porto

 


Fundada pela rainha Santa Mafalda (filha de D. Sancho I) pelo segundo quartel do século XIII, a igreja de São Salvador da Gandra (como durante séculos foi conhecida) é uma cópia mais modesta do templo de Cedofeita, no Porto, analogia tão flagrante que levou Manuel Monteiro a considerá-la um "arremedo" do monumento portuense.

Com efeito, são numerosos os pontos de contacto entre ambas, restando ainda a dúvida sobre a intenção de, em algumas partes, se ter projectado soluções idênticas às de Cedofeita. Uma delas é a opção pela cobertura de madeira no corpo e na capela-mor, que contraria o integral abobadamento da igreja portuense, discrepância que tem vindo a ser atribuida a uma redução do plano original (GRAF, 1986, vol.1, p.85) ou a uma simplificação construtiva desde o início do projecto.

Mas onde as semelhanças entre os dois monumentos são maiores é ao nível da decoração. Um capitel do portal lateral Sul, onde se representaram dois estilizados dragões de corpo de ave, que inclinam o seu pescoço para morder outros seres dispostos inferiormente na composição, é praticamente idêntico a outro do portal principal de Cedofeita , proximidade que levou alguns autores a reconhecer que os mesmos artistas trabalharam em ambos os templos. Ainda no portal meridional, existe um capitel representando um acrobata de corpo arqueado, formando uma espécie de ponte, que tem sido considerado uma das melhores realizações escultóricas do Românico nortenho.

Ora, se as analogias para com a fábrica de Cedofeita são evidentes e ajudam a perceber a itinerância de artistas e de modelos, o templo de Cabeça Santa é, por outro lado, um monumento plenamente contextualizável com a realidade histórico-geográfica da sua região. A modéstia de plano (independentemente de se ter ficado a dever a uma simplificação durante a obra ou anterior a ela) é um elemento de relação para com o Românico da bacia do rio Sousa e do Baixo Tâmega. Por outro lado, algumas esculturas devem-se à expansão dos modelos utilizados no vizinho mosteiro de Paço de Sousa (em particular as que recorrem ao talhe em bisel), revelando um ar mais exótico, que alguns autores não hesitaram em atribuir a uma tradição moçárabe ou mudéjar.

Perante estes dados, podem existir duas fases construtivas claramente diferenciáveis, assim se faça um estudo rigoroso do monumento: num primeiro momento, a incorporação de artistas que haviam trabalhado em Cedofeita, incluindo o seu arquitecto; depois, a utilização de mão-de-obra diversa, recrutada um pouco por todo o Norte duriense interior, onde o Românico teve um dos seus últimos focos de sobrevivência. No portal principal, por exemplo, derradeiro elemento a ser executado, verifica-se a coexistência de diversas influências, provável indicador de uma maior heterogeneidade dos lapicidas. Esta diferenciação, a confirmar-se, poderá, ainda, esclarecer se, de facto, o projecto inicial sofreu uma alteração brusca, ou não.

O interesse do estudo de Cabeça Santa não se resume à sua fase românica. Um elemento importante será o de entender o porquê de uma igreja dedicada a São Salvador ter passado, em data ainda incerta, a ser conhecida como Cabeça Santa. Com grande probabilidade, aqui existiu uma imagem de grande devoção, a ponto de o templo se diferenciar dos demais pelo seu conteúdo ainda mais sagrado. Por outro lado, nas suas traseiras existe um muito bem preservado conjunto de sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, cuja datação é anterior ao templo do século XIII, o que aponta para uma ocupação em plena Alta Idade Média, cujo alcance científico só poderá conseguir-se através de uma investigação mais aprofundada do local.

Bastante restaurado pela DGEMN, da época moderna resta apenas a Capela de Nossa Senhora do Rosário, espaço quadrangular do lado Norte, revestido por talha e azulejos barrocos.

 


 

 


Texto: IPPAR - PAF

Fotos: Fmars (2007) e Paulo Almeida Fernandes/IPPAR (2006)


 


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Domingo, 18 de Maio de 2008

Igreja de São Gens de Boelhe - Penafiel

 

 


Implantada junto à igreja paroquial, a igreja de São Gens de Boelhe é uma construção de época românica que remonta ao século XIII.

 

De planta longitudinal, desenvolve-se em nave única articulada com capela-mor, mais baixa, através de arco triunfal de volta perfeita.

 

A fachada principal caracteriza-se pelo portal em arco apontado, de três arquivoltas com quadrifólios, que assentam sobre impostas, e colunas com bases em forma de bolbo e capitéis decorados. Sobre o pórtico, abre-se uma fresta e à direita, sobre a empena, a sineira. Os volumes exteriores, percorridos por cachorrada (de motivos variados), reflectem o espaço interno, com a capela-mor mais baixa de forma a permitir a existência de um óculo de iluminação na parede fundeira da nave, sobre o arco triunfal. Em ambos os alçados laterais

o pano da nave é aberto por portas sobrepujadas por frestas.

 

No interior, impera a depuração, apenas havendo a assinalar o arco triunfal, com impostas salientes.

 


 


Fotos: DGEMN: DSID
Texto: IPPAR - (RC)


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