A arquitectura Arte Nova em Portugal pautou-se, na grande maioria dos casos, por manifestações como as que podemos observar neste prédio da Póvoa do Varzim. Sem a unidade conferida por um projecto global, a nova arte evidenciou-se, essencialmente, na superfície das fachadas, em painéis de azulejo cujos motivos eram desenvolvidos de forma natural e "orgânica". A mesma linguagem surgiu, também, nas grades de ferro forjado, que protegiam as varandas, ou ainda noutros elementos decorativos que, no seu todo, confluíam para emprestar aos prédios do final de novecentos e início do século XX uma modernidade aparente e um eclectismo que denunciava, em última análise, a encruzilhada da arte portuguesa de então.
É, pois, neste contexto, que o n.º 73 da Rua Tenente Valadim deve ser entendido. Trata-se de um edifício de dois andares, ambos abertos por dois vãos, mas beneficiando o primeiro piso de um tratamento superior. Este, é percorrido por uma grade de ferro, com motivos enrolados, que define a varanda, apoiada sobre mísulas com remates em flor. O edifício termina numa composição de linhas rectas, e em forma de trapézio, moldurado.
Assim, ganham especial relevância na animação deste alçado os painéis de azulejo, aplicados entre as janelas de sacada e no friso que se lhes sobrepõe. Ambos desenham motivos florais em tons de rosa e verde, sobre fundo amarelo, mas o segundo é interrompido, ao centro, pela figuração de um pavão, um dos animais preferidos pela linguagem Arte Nova.
Em todo o caso, o carácter Arte Nova deste edifício contrapõe-se a determinados pormenores, como o desenho dos elementos que flanqueiam as janelas superiores, cujo espírito rectilíneo se aproxima de um gosto Art Déco. Nesta medida, é possível que a edificação deste imóvel seja um pouco mais avançada, correspondendo, muito possivelmente, à segunda década do século XX.
Toda esta zona habitacional é nada mais nada menos do que a zona mais alta existente em toda a cidade do Porto. Estamos a falar da zona habitacional do Monte do Tadeu e do Monte dos Congregados.
A história desta zona habitacional remonta ao tempo dos Padres e
Frades da Congregação do Oratório de Regra em honra de S. Filipe de Néry, que estabeleceram a sua casa na cidade do Porto, no ano de 1680, mesmo ao pé da estação de S. Bento, num espaço ainda hoje existente e actualmente ocupado pela Igreja dos Congregados em honra de Santo António, e obtiveram para seu recreio uma vasta propriedade com casa que servia, simultaneamente, de hospital, nas abas do Monte de Santa Catarina, que deles recebeu o nome de Quinta dos Congregados.
Data de 1785 o mais antigo registo paroquial (Santo Ildefonso) que
se refere a esta zona (uma Quinta do Monte de Santa Catarina).
Os Padres e os Frades congregados a S. Filipe de Néry possuíram
essa Quinta, para seu recreio, até ao ano de 1834, ano em que entrou na posse do Estado (CM do Porto) em virtude da extinção das Ordens Religiosas. O novo proprietário (CM do Porto) vendeu-a, por baixo preço, a um cidadão Brasileiro, de apelido Moreira.
Foi este quem mandou (fazendo uma concepção) explorar uma grande pedreira, no ano de 1852, que ali existia, e ainda existe no actual espaço da Cooperativa dos Pedreiros Portuense e em terrenos vizinhos, cedendo depois parte do leito dela à Câmara Municipal do Porto, o que veio mais tarde a dar origem a parte da Rua Duquesa de Bragança, depois chamada de Heróis de Chaves, e hoje conhecida por Rua de D. João IV.
Nesta rua desembocavam duas serventias, sem continuidade: a da
Igreja de Santa Catarina, que no ano de 1835 tomou o nome de Rua de Fernandes Tomás, e uma outra que é a Rua do Moreira - o feliz cidadão Brasileiro, dono da Quinta dos Congregados - mais tarde prolongada até à Rua de S. Jerónimo, fundada em 1878, que em 1913 tomou o nome de Rua de Santos Pousada, ilustre Jornalista, Professor, Político da cidade do Porto, Deputado e Republicano.
Mais tarde, nos finais dos anos trinta do século XIX, com o
desmembramento da Quinta dos Congregados, foram fundadas uma série de novas ruas na zona mais alta de toda a cidade do Porto, entre as quais a Rua do Monte dos Congregados (rua mais alta de toda a cidade do Porto, circulada por trânsito de peões e automóveis), situando-se a mesma entre a Rua da Alegria e o velho Jardim do Monte do Tadeu.
O século XIX portuense ficou marcado, logo no início, por situações de instabilidade política como as invasões francesas, na primeira década, e as guerras liberais que culminaram com o Cerco do Porto, em 1832-1833, que provocaram destruições na cidade antiga, sobretudo na parte baixa ribeirinha e nas encostas circundantes.
Mas este século, principalmente a segunda metade, apresenta épocas de grande dinamismo que se traduziram no adensamento da malha urbana e numa enorme expansão. A abertura de novas artérias extramuros, como a Rua dos Bragas ou a Rua de Álvares Cabral, proporciona novas áreas residenciais. A função habitacional concretiza-se agora nas mais diversas formas e dimensões, desde a pequena casa popular e operária às variadas casas da burguesia, mono ou polifuncionais, e às casas do brasileiro, de grande ostentação e representativas de outros gostos estéticos.
A rua foi aberta a partir de 1521, em terrenos ocupados pelas hortas do Bispo. Passou a ser uma das principais vías da cidade, escolhida por nobres e burgueses que aqui construíram luxuosos palacetes. De entre os edificios, destacam-se a Casa dos Maias (nº 29) e a dos Cunhas Pimentéis (esquina com o Largo de S. Domingos), cuja construção remonta ao séc. XVI. Na Casa dos Sousa e Silva (nº 79-83), o brasão ostenta a data de 1703. A chamada Casa dos Constantinos (nº 139) é igualmente do séc. XVIII. Na Casa da Companhía (nº 69) funcionou desde o séc. XVIII a Companhía Geral da Agricultura dos Vinhos do Alto Douro, criada pelo Marques de Pombal..
A actual Rua de Santana corresponde à antiga Rua das Aldas, documentada assim em 1362. Como vimos, a actual Rua das Aldas era antigamente conhecida como Rua de Pena Ventosa, e a actual Rua de Pena Ventosa era a antiga Rua de Palhais. Os motivos que estiveram subjacentes a esta mudança toponímica permanecem ainda hoje obscuros.
A Rua das Aldas começava um Rouco acima da confluência das ruas dos Mercadores e da Bainharia, passava a Porta de Sant'Ana (que os documentos mais antigos designam por "Portal", subia alguns degraus (na documentação mediévica designados por "Escadas das Aldas", e seguia burgo dentro. Foi desde sempre uma artéria com diferentes inclinações, o que obrigou à existência de degraus para vencer os desníveis mais abruptos. Sem dúvida que a rua seria bastante mais extensa do que hoje podemos observar. Na realidade, uma parte significativa do seu itinerário foi sacrificada com a construção do Colégio dos Jesuítas.
A Rua das Aldas, hoje Rua de Sant'Ana, era uma artéria de certa importância, pois nela se rasgava a Porta de Sant'Ana (onde se foi buscar a sua designação hodierna), uma das quatro portas da Muralha Românica do Porto, e precisamente aquela que estava vocacionada para o acesso à zona Ribeirinha e mercantil da cidade. No entanto, no contexto das ruas do Porto episcopal seria uma rua relativamente marginal, pelo seu posicionamento periférico, agravado pelo isolamento imposto pelas diferenças de cotas, e apenas seguramente resolvido na ligação ao actual Largo da Pena Ventosa.
A Rua de Santana, para além de ter sido medievicamente conhecida por Rua das Aldas, teria também sido, nos inícios da Época Moderna, depois da construção do Colégio de S. Lourenço, dos Jesuítas, conhecida pela designação de Rua do Colégio. Esta informação de Horácio Marçal não é, no entanto, isenta de polémica. Na realidade, Sousa Reis, nos seus Apontamentos, estabelece uma clara distinção entre as duas ruas: "propriedades situados nas ruas do Collegio e de Sant'Anna". Por outro lado, Magalhães Basto registou um contrato para dourar um retábulo, cujo documento foi assinado em Abril de 1680 nas casas de morada do tabelião António Rodrigues de Madureira, na Rua do Colégio dos Padres da Companhia, onde compareceram, de uma parte, os representantes da confraria e de outra parte, "Manuel Ferreira, Pintor; morador na Rua de Sancta Anna desta cidade" .Tudo elementos que parecem apontar no sentido de se tratar de duas ruas distintas. De facto, a Rua do Colégio deveria ser a rua onde primeiramente tinha sido instalado o Colégio, na Ribeira.
A mudança toponímica, que todos os autores apontam como anterior ao SÉC. XVIII, deve ter ocorrido nos meados do séc. XVI. Na realidade, a rua ainda surge mencionada como "Rua das Aldas" no Livro 6º de Pergaminhos, doc. 26. No entanto, no Tombo do Cabido, de 1566, refere-se já como Rua de Santana: "Começa ao pée da escada da Sant'Ana pera cima atee ao collegio dos Padres da Companhia" . Ora, como veremos a propósito da Porta da Muralha Românica, esta passou desde pelo menos 1542 a estar consagrada a Sant'Ana, o que explica a mudança toponímica da artéria.
Acrescenta ainda Eugénio Andrea da Cunha e Freitas que a zona inferior desta rua, compreendida entre a Porta de Sant'Ana e a rua da Bainharia, seria em 1433 designada "Pé das Aldas". E que, por fim, em 1453 se referiam as "Escadas das Aldas, acima da Cruz de S. Domingos", ou seja, um pouco acima do Largo de S. Domingos. Seriam estas Escadas, vulgarmente designadas das Aldas, as referidas num diploma de 1552, quando menciona as "(...) casas ao pé da escada de S.ta Ana da parte direita subindo para o Colégio da Companhia…". Mas não eram estas as únicas escadas na zona das Aldas, hoje Santana. Há referências a umas "escadas que veem dos Açougues para as Aldas", que não devem ser confundidas com as primeiras - as "Escadas das Aldas". Estas segundas escadas seriam, possivelmente as escadas referidas por Magalhães Basto em 1940, quando registava a existência de uma "travessa que vai da escada das Aldas para o forno de Pena Ventosa". Esta travessa só pode ser a Travessa de Santana, que ainda hoje liga, com diversos degraus, a Rua de Santana ao Largo da Pena Ventosa, onde se localizava o referido forno.
Há, na Idade Média, referência a um "Rossio das Aldas", com o qual algumas das casas desta rua confinavam. Todos os elementos parecem apontar no sentido de este Rossio ser um largo que se situaria na zona terminal da Rua, no espaço que mais tarde seria ocupado pelo Colégio dos Jesuítas. A construção deste, na realidade, destruiu diversas casas e propriedades, que foram doadas aos Jesuítas ou por estes adquiridas. Um documento de 1562 regista a dado passo "as casas que o Cabido ouve por troca que fez com os padres do Colégio de Jesus pelas casas das Aaldas em que começaram a fundar o dito colégio" .
Por outro lado, algumas das suas casas estavam encostadas ao "muro velho" ou mesmo erguidas parcialmente em cima dele, nomeadamente as casa do lado Oeste, voltadas à Rua dos Mercadores, e que, por força da topografia do local, se erguiam a uma cota muito superior à das casas desta rua. No Tombo de 1474 regista-se que nesta rua "por detras emtestam as ditas casas com o muro Velho do çerca do dito castelo".
Sousa Reis refere ainda nas "(…) trazeiras dos propriedades situados nos ruas do Collegio e Sant'Anna huns restos de muralha tão fortemente construidos em forma quadrada, que chegão o convençer terem pertencido a alguma torre de defeza".
Apesar de ser uma rua de importância fundamental nos itinerários urbanos do Porto mediévico, o espaço não terá sido integralmente edificado (ao contrário do que se passaria com outras ruas, nomeadamente a Rua da Bainharia e a Rua dos Mercadores, que parecem ter sido totalmente construídas). Na realidade, ainda em 1477 se arrendava na Rua das Aldas (hoje rua de Sant'Ana) um terreno chão, ou seja, sem qualquer construção. E, em 1 de Abril de 1495 voltava-se a arrendar em três vidas um terreno na rua das Aldas "da parte de baixo das Cassas de Pena Ventossa onde matam os carniceiros". Sublinhemos, por outro lado, que apesar de se tratar de uma rua do Burgo Episcopal, nem todas as construções seriam de boa qualidade, reflexo talvez da sua relativa periferia dentro da área a muralha da acrópole. Na realidade, em 1405 o Cabido da Sé do Ponto arrendava a Pedro Álvares um pardieiro situado na Rua das Aldas. Em 1420 o mesmo Cabido fazia escambo de outro pardieiro situado na mesma rua que havia dado a Luís Gonçalves a troco de vinte soldos anuais. Em 1445 regista-se a doação que Rui Gonçalves e sua mulher Maria Afonso fizeram a Rodrigo Afonso e sua mulher Maria Fernandes, estalajadeiros, de outro pardieiro na Rua das Aldas. E, finalmente, em 21 de Junho de 1487 Álvaro Gonçalves e sua mulher; Inês Afonso, emprazaram um chão sito na Rua das Aldas. Todas estas referências a pardieiros e mesmo a um terreno livre nesta artéria, numa fase relativamente tardia, não podem deixar de traduzir o caracter algo marginal da plataforma onde se rasgava esta e outras Ruas (mais tarde destruídas com a construção do Colégio de S. Lourenço). Na realidade, tratava-se de uma área separada da zona da Sé por penedias de difícil vencimento, o que lhe deve ter ditado um caracter relativamente marginal dentro das ruas dó burgo mediévico. De resto, é significativo que fosse aqui localizada a Casa dos Couros do Bispo, que a Inquirição de 1339 refere.
Esse relativo isolamento viria a ser em parte solucionado nos meados do Séc. XVII, quando se constroem as Escadas do Colégio. Efectivamente, em 24 de Março de 1646, a Câmara do Porto deu de arrematação a "obra que se ha-de fazer nas Aldas com as escadas que vão por cima do Colégio (dos Jesuítas) a par os Açougues, tudo na forma dos apontamentos que se fizeram por Custódio da Fonseca, Mestre de pedraria, a qual obra foi rematada o Fernão Gonçalves, pedreiro. (Câm. - Ob. Públ. Arremat., Liv 2, fls .61)".
A Rua das Aldas (hoje de Santana) já era calcetada nos fins da Idade Média, uma vez que Iria Gonçalves encontrou, entre as despesas da Câmara da segunda metade do Séc. XV verbas destinadas a obras de reparação.
Em 26 de Novembro de 1755, poucos dias depois do Terramoto, foi feita uma Vistoria a uma "fresta e tabuleiro numa casa junto à Capella da Nossa Senhora de Stª Anna", talvez uma das consequências do Terramoto.
Em 1 de Março de 1838 foi feita uma Vistoria à casa Nº 45 da Rua de Santana, por se encontrar em estado ruinoso.
Na esquina com a Rua da Bainharia, no lote que leva o nº 47, há um arranque de arco quinhentista, semelhante aos que vemos na casa Nº 182-184 da Rua dos Mercadores. Sobrevive apenas a metade direita dessa velha porta, hoje entaipada, mas que importa preservar.
O prédio à sua direita, que está a ser objecto de intervenção sem que qualquer cuidado tenha sido oposto no seu estudo e preservação, apresenta um complexo diálogo de épocas, que seria estimulante estudar e que era importante ter sido objecto de um registo adequado. Perdeu-se mais uma possibilidade de estudo na zona histórica do Porto. No entanto, nos pisos superiores ainda são visíveis vestígios da construção em taipa, com os seus característicos painéis rectangulares.
Os edifícios fronteiros, que ficam voltados à Rua da Bainharia, foram objecto de pequena intervenção arqueológica, mas desconhecemos os resultados alcançados, aos quais não nos foi facultado acesso.
Um dos mais notáveis edifícios desta Rua, era, sem dúvida, o prédio com o Nº 38-40, uma residência fidalga do séc. XVII ou XVIII, como nos habituamos a encontrar noutras zonas da cidade, e como há poucas nesta zona velha do burgo. Era a primeira casa extra-muros, logo após o Arco de Santana e o seu Nicho (ESTAMPA LXXXI). Infelizmente foi totalmente destruída com obras de reconstrução ainda em curso, que sacrificaram um dos melhores exemplos arquitectónicos para criar um acesso aos prédios da Rua da Bainharia. Nas suas traseiras passava a Muralha Românica, tendo-se perdido a oportu-nidade de sondar arqueológicamente esta zona.
PORTA ou ARCO DE SANT'ANA (ESTAMPA LXXXII)
Já vimos que nas Vereações de 1449 a Porta que hoje conhecemos por Porta de Sant'Ana era designada apenas por "a porta que chamam o Portal".
Num documento de 1542, a antiga porta da muralha passa a ser designada por "Arco de Sant'Ana", o que aponta no sentido de, desde os meados do séc. XVI, esta Porta possuir uma imagem da Mãe de Nossa Senhora, a quem seria consagrada. Podemos, no entanto, fazer recuar essa data até 1524. Na realidade, nesse ano é assinado o prazo de umas casas situadas junto de Sant'Ana, que o Cabido da Sé do Porto assina a favor de Ana Pires. Sintoma de que, ao aproximarmo-nos do fim do primeiro quartel do Séc. XVI já ali se venerava uma imagem de Sant'Ana.
Sousa Reis deixou uma breve descrição deste Arco imortalizado por Garrett: "Todo o arco de Stª Anna era de architectura moderno, e levantado como disse, quasi ao meio da rua, que se sobe para chegar ao largo do Collegio de S. Lourenço, vulgarmente chamado dos Grilos, e abrangia o estreito espaço d'essa rua: sobre elle havia hum oratório, que tinha humo janella com vidraça voltada para o lado superior; ou do referido Mosteiro dos Grilos; continha a imagem da Santa da sua invocação, aonde se subia por huma pequena porta praticada na grossura da parede, que lhe ficava à esquerda de quem subia, e servia d'encontro ao referido arco, cuja porta existe posto que tapada, e sobre [ele] o escudete de pedra com a seguinte legenda: S. Anna Succure Miseris. Este arco foi demolido no mez d'Agosto de 1821 a requerimento de Manoel Luiz da Silva Leça, que ahi construio do lado direito huma propriedade de cazas, e Antonio Joaquim de Carvalho proximo proprietario como se vê no Auto de Vistoria de 23 d'Agosto d'esse mesmo ano".
Em 1820 começou-se a pensar na demolição do Arco de Santana. Na realidade, em 30 de Junho de 1820 regista-se um termo de Manuel Luis da Silva Leça e de outros moradores, obrigando-se a responder por todos os prejuízos e custos da demolição do Arco de Santana. No verso apresenta o termo da demolição. No Livro 50 das Próprias, fl. 222, encontra-se outro documento de diversos cidadãos relativo à demolição do Arco de Santana, datado de 18 de junho de 1821. E, por fim, no Livro de Vistorias e Obras Públicas 1806, no fl. 43 vº encontra-se copiada uma Vistoria datada de 23 de Agosto de 1821, relativa à indemnização dos prejuízos causados pela demolição do Arco de Santana. Esta estava, portanto, consumada.
Do velho Arco de Sant'Ana, demolido em 1821, apenas sobrevive a porta que, rasgada à esquerda, permitia o acesso ao nicho onde estava a imagem de Sant'Ana com a Virgem e o Menino, à qual se refere Sousa Reis, e que depois da demolição de 1821 foi recolhida na Capela de S. Crispim. Ainda hoje podemos ver; aberta na mole granítica do muro românico, a porta setecentista, com alguns degraus, que permitia o acesso e a manutenção dessa imagem, certamente homenageada com velas. Ora, não só a tipologia da porta, claramente moderna, como o próprio facto desta se rasgar a partir da zona extra-muros da muralha, revela-nos que estamos perante obra tardia, setecentista, criada quando a muralha românica já perdera definitivamente qualquer função militar:
Não parecem merecer grande credibilidade as considerações de J. J. Gonçalves Coelho, quando escrevia:
"O Arco de Sant'Anna era estreito, um pouco tortuoso e alto(...), e pelos restos de architectura ogival , a sua construção não pode ir á/em do época em que o rei D. Fernando I, para captar as sympathias da cidade após o seu casamento com o celebre D. Leonor Telles, ordenára a continuação das obras de fortificação do Porto."
Acrescentava o mesmo autor que "(…) lhe construiram, das casas do lado direito da rua e em direcção à parede do lado esquerdo da mesmo, uma espécie de passadiço de paredes de granito e coberto de telhado."
SINAGOGA DAS ALDAS
Na parte superior da Rua das Aldas ficava, outrora, a "rua a que chamon a ssynagoga", assim mencionada num códice da segunda metade do séc. XV. Esta designação, dada a uma artéria na parte superior das Aldas, na zona depois destruída com a construção do Colégio de S. Lourenço, revela-nos a implantação da primeira Sinagoga do Porto. São conhecidas, no entanto, mais referências documentais a essa primeira Sinagoga. Numa doação do Bispo D. Afonso Pires, feita antes de 1362, menciona "humas cazas nesta rua (das Aldas) (…) tempo em que se chamava Sinagoga". Uma outra referência do séc. XV menciona "duas casas nas Aldas que chamõ sinagoga"
Segundo Amilcar Paulo, "(…) não há dúvida à cerca da existência dos judeus no Porto, nas últimas décadas do século XIII. Vamos encontrar uma sinagoga na rua dos A/das. (…) um documento do arquivo Distrital do ano de 1440, que diz que o Hospital dos Coreiros da Sé estava situado na Judaria velha à cerca da Cividade. (…) no livro antigo do Cabido da Sé que diz que o Senhor Bispo D. Afonso Pires (falecido em 1362) deo à Mesa Capitular humas casas nesta rua (antiga das Aldas e actual de Santana) tempo em que se chamava Sinagoga".
Opinião partilhada igualmente por Cherubino Lagoa, outro dos estudiosos dos Judeus do Porto, o qual escreveu que "Existiu uma judiaria chamado Velha. Isto se evidencia do documento que li no livro 4º de Prazos, a pag. Diz-se n'elle que tambem se achava situada alli a Confraria do Presepio no anno de 1350 e bem assim outra no anno de 1440."
A Rua dos Mercadores foi, juntamente com a Bainharia e a Rua Escura, um dos eixos de circulação vital para o Porto Mediévico, ligando a zona ribeirinha, centro mercantil, ao burgo episcopal e assegurando a comunicação com as principais vias medievais que saiam do Porto em direcção ao Entre-Douro-e-Minho e a Trás-os-Montes. Percorrendo a zona extra-muros desde as imediações da Porta de Sant'Ana até à Praça da Ribeira, junto ao Douro - ia, segundo documento antigo, "de Sant'Ana para baixo até a Praça da Ribeira" - ela seria, como o seu nome indica, um dos locais eleitos pelos mercadores portuenses para instalarem as suas moradias e estabelecimentos. Era assim, uma zona rica da cidade.
Aberta em 1784, no prolongamento de uma antiga via, por ordem de João de Almada e Mello. Fronteira à secular Colegiada de Cedofeita, tornou-se numa importante zona residencial. Hoje é um dos principais eixos comerciais da cidade. A Rua está povoada por edifícios construídos entre os séculos XVII e XX. Durante o Cerco do Porto, o regente D. Pedro fez o seu quartel-general no prédio nº 395, depois de bombardeada a zona do Palácio dos Carrancas.
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