HISTÓRIA |
Na Idade do Ferro terá existido um castro na zona de Noeda - o castro de Noeda - próximo da confluência dos rios Tinto e Torto. A presença romana, por sua vez, fez-se sentir de forma intensa em toda a área circundante ao freguesia, sendo, por isso, quase certo que aqui também venham a surgir testemunhos materiais dessa presença. Em todo o caso, a influência romana é um dado evidente e traduz-se, desde logo, no próprio topónimo "Campanhã", de origem latina.
Com o seu estatuto administrativo perfeitamente definido, Campanhã assiste nos séculos finais da Idade Média a uma expansão muito significativa da sua área cultivada, acompanhada de um crescimento bastante expressivo da população. Beneficiando das suas imensas riquezas naturais, o freguesia converte-se lentamente numa importante reserva agrícola do burgo, cuja principal função é abastecer a cidade de géneros alimentares básicos. Esta especialização económica desenvolve-se e aprofunda-se ao longo da Idade Moderna, prosseguindo praticamente inalterada até ao limiar do nosso século. O tráfico de bens agrícolas com as zonas mais urbanizadas da cidade intensifica-se a partir dos séculos XV e XVI, multiplicando os rendimentos dos proprietários das terras e dando origem a numerosos conflitos jurídicos entre si, a propósito dos limites e direitos associados a cada domínio. Em todo o caso, e ainda que a agricultura representasse a actividade mais importante, a população de Campanhã, que tinha crescido de 1381 habitantes em 1687 para 2169 em meados do século XVIII, não era composta apenas por camponeses. Nas Memórias Paroquiais de 1758 destacam-se ainda mais dois grupos profissionais: os pescadores, concentrados sobretudo junto das margens do Douro e gozando de isenções fiscais desde 1593, e os moleiros, que no seu conjunto detinham 76 rodas de moinhos, distribuídas ao longo dos numerosos cursos de água que percorriam o freguesia.
Com o século XIX chega o tempo das destruições provocadas pela guerra. Primeiro com as invasões napoleónicas, logo no dealbar da centúria, que deixaram um rasto de devastação bem patente no saque da Igreja de Campanhã, perpetrado em 1809. E, depois, com a guerra civil (1832-34) e o célebre cerco à cidade do Porto, que durou de Julho de 1832 a Agosto do ano seguinte. Durante o período que durou o cerco, o freguesia foi palco de numerosos confrontos entre liberais e absolutistas. O balanço trágico das perdas incluiu, segundo relatos da época, árvores derrubadas, vinhas destruídas, campos incendiados, casas e muros demolidos e danos irreparáveis em equipamentos industriais. Mas o século XIX, apesar das dificuldades das primeiras décadas, representa também um período de crescimento e prosperidade. O freguesia conhece então um aumento muito significativo da população e uma rápida ampliação da sua estrutura industrial. Assim, a par das indústrias tradicionais, como a moagem e a tecelagem, que registam um forte desenvolvimento, surgem novos investimentos e diversificam-se, cada vez mais, os ramos de actividade. Um pouco por todo o freguesia aparecem fábricas e oficinas que se dedicam à marcenaria, à produção de cal, ao fabrico de fósforos de cera, palitos, trabalhos em filigrana, à destilaria, à saboaria e ainda aos curtumes. |
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Este quadro poucas mudanças sofreu até às décadas de 50 e 60 deste século. Por essa época intensifica-se a tendência de expansão da cidade para oriente. A freguesia converte-se numa das zonas preferenciais para a construção de bairros de iniciativa camarária. A sua população regista então um acréscimo extraordinário. Ao mesmo tempo assiste-se à diminuição do papel da indústria como principal actividade económica, substituída progressivamente pelas áreas ligadas aos serviços. Hoje, Campanhã continua repartida entre o seu passado de tradição rural, que ainda permanece vivo na paisagem e em muitos aspectos do quotidiano, e os traços cada vez mais visíveis da modernidade. |
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