O Cruzeiro de Azurara constitui, na verdade, um (e o mais interessante) dentre os vários monumentos semelhantes que ainda hoje se podem apreciar na freguesia. Está implantado no vasto adro da Igreja Matriz de Azurara, rasgada por belo portal manuelino, certamente contemporâneo do cruzeiro.
Numa plataforma de quatro degraus quadrangulares, de aresta, assenta o conjunto da coluna, capitel, e remate em cruz. A coluna é cilíndrica e lisa, com ligeiro espessamento na base, e fuste elegante, elevando-se a boa altura. Junto do topo está um escudo de fundo redondo (escudo português), aparentemente em branco. Sobrepuja-o uma gola em ferro, a partir do qual o capitel ganha maior espessura, antecedendo o capitel. O capitel é composto por um bloco cúbico com faces ornadas por relevos heráldicos e simbólica diversa: assim, a face anterior exibe uma esfera armilar, a face posterior um escudo de armas concelhio, e as restantes uma vieira. Sobre este bloco assenta uma peanha lisa, encimada pela cruz. Esta é latina, de braços largos, sendo os três superiores rematados em flor-de-lis. Nas faces anterior e posterior ficam as imagens de Cristo e da Virgem, o primeiro em posição hierática, com a face voltada para a esquerda e os pés assentes na peanha, e a última de mãos postas. Ambas as imagens são de talhe algo ingénuo, bastante rígidas e inexpressivas, apesar de alguma atenção ao talhe dos panejamentos.
Entre os aspectos mais curiosos do cruzeiro, devemos citar a referência a Santiago de Compostela, expressa nas vieiras do capitel. A Igreja Matriz de Azurara foi mandada erguer por D . Manuel, em 1502, por ocasião da sua passagem pela vila em direcção a Santiago, pelo que a presença das vieiras se deve entender neste contexto. Cruzeiro e igreja terão sido, de resto, erguidos em conjunto, de acordo com a tipologia manuelina deste. Quanto à restante emblemática, merece destaque a esfera armilar, símbolo pessoal de D. Manuel, e testemunho do seu particular empenho na construção do templo. Sobre ele fica a figura de Cristo, assim apresentado como Rei do Mundo, enquanto a da Virgem encima a heráldica concelhia, recordando que é igualmente padroeira do templo, da invocação de Santa Maria.
A Casa da Praça de Azurara, situada nas imediações da Igreja da Misericórdia, terá sido edificada nos últimos anos do século XVII. Uma campanha de obras executada entre 1970 e 1980 alterou de forma profunda a fachada posterior da casa, bem com a estrutura interior, mantendo-se apenas o modelo original do frontispício.
De planta rectangular, que se desenvolve longitudinalmente, a casa divide-se em dois pisos. O primeiro registo da fachada possui duas janelas com grade de ferro, uma em cada extremidade, e duas portas de moldura almofadada. O registo superior é rasgado por oito janelas de sacada com varandim de ferro, ao centro das quais foi colocada a pedra de armas da família que mandou edificar o palacete.
Texto: Catarina Oliveira - GIF/IPPAR/ 21 de Setembro de 2006
O antigo concelho de Azurara, actualmente integrado no concelho de Vila do Conde, recebeu foral do conde D. Henrique (confirmado por D. Afonso) ainda em 1102. A localidade permaneceu durante séculos como um importante porto marítimo, a par da barra de Vila do Conde; a produção de embarcações nos seus estaleiros contribuía para o seu funcionamento como um centro de dinamização da expansão ultramarina. A importância estratégica de Azurara não lhe garantiu novo foral manuelino, mas da passagem de D. Manuel por estas terras, em 1502, resultou um forte impulso no avanço da edificação da então matriz, a Igreja de Santa Maria, no adro da qual se ergue o pelourinho, diante da fachada Norte e junto da entrada lateral.
O soco é constituído por dois degraus circulares, de parapeito. Sobre estes assenta uma singela base prismática, rematada em calote, sustentando o fuste, liso e de seção circular. O capitel é verdadeiramente o remate do pelourinho, em forma de urna, constituída por meia calote esférica decorada com dentículos de tipologia clássica, e por um pescoço sobre o qual se levanta um espigão de ferro. O conjunto inscreve-se geralmente entre as muitas picotas manuelinas que então se ergueram por todo o território; no entanto, e pese embora o apelo da proximidade da igreja referida, cuja construção contou com grande auxílio e interesse da parte de D. Manuel, será de considerar que pelo menos o remate do pelourinho é de elaboração posterior.
As origens do convento de São Francisco de Azurara permanecem, ainda hoje, por esclarecer, não sendo possível confirmar a tradição sobre a eventual permanência nesta localidade dos templários, no local onde depois se ergueu o convento dos Capuchos. Certo é que esta instituição conventual existia já em 1518, mantendo-se como Casa de Noviços até 1588. Nesse ano, a ruína em que se encontrava levou à transferência dos noviços para São Frutuoso, em Braga, onde permaneceram até 1677. De facto, não sabemos como eram as primitivas instalações, que foram objecto de uma reedificação, iniciada em 1591.
As obras no convento prolongaram-se durante várias décadas e, em 1674, há notícia da demolição da igreja. As suas obras ficaram concluídas, apenas, entre 1750 e 1755, anos em que foram terminados o coro e a fachada, e colocadas as imagens nos respectivos nichos. O templo é antecedido por uma galilé, formada por três arcos de volta perfeita (de maiores dimensões o central) a que se sobrepõem dois nichos e, ao centro, uma janela para iluminação do coro alto. Entre o arco e esta última, encontra-se, em local de grande evidência, o brasão da Ordem. Remata o frontispício um frontão contracurvado, cujo nicho aberto ao centro do tímpano exibe a imagem de Nossa Senhora dos Anjos, a quem o templo foi dedicado. O corpo lateral corresponde ao acesso da sacristia, apresentando uma torre sineira de duplo sino, como remate. Será este o sino aí colocado em 1731, ano em que se procedeu à execução do próprio campanário, uma vez que o novo não cabia no espaço do antigo, cita documento do Cartório do Convento, do Arquivo Distrital do Porto).
No interior, o templo desenvolve-se em nave única com capela-mor rectangular. Apresenta dois púlpitos de talha dourada e, no coro alto, o cadeiral com três dezenas de lugares foi acrescentado em 1755. O altar-mor, também de talha dourada, exibe a imagem da invocação do templo, na tribuna (executada pelo entalhador João Correia da Silva), ladeada pelas de São João e de Santa Ana.
No corpo da igreja situam-se os altares de São Francisco e Santo António, com as respectivas imagens dos santos franciscanos. Contudo, a capela de maior importância é a de São Donato, mártir de grande devoção por parte dos mareantes, e cujo corpo, "inteiro e incorrupto", foi trazido de Roma por Frei Francisco de Azurara, e depoistado nesta igreja a 28 de Abril de 1757. A capela, erguida a expensas do referido frade, ficou concluída em 1760, conforme se pode ler em duas inscrições existentes neste espaço.
Com a extinção das ordens religiosas, o convento de Azurara foi vendido a José Monteiro da Silva, natural de Vila do Conde que, mais tarde duou o imóvel a Ezequiel Carneiro Pizarro Monteiro, família na qual o convento se manteve até 1930, ano em foi novamente vendido. Actualmente e, desde 1990, é propriedade da Ordem Terceira de São Francisco de Azurara.
Texto: (Rosário Carvalho) / IPPAR
Constituída como paróquia em 1457, a povoação de Azurara existia já desde o reinado de D. Afonso III, integrando então a freguesia de Pindelo. Depois da desanexação da paróquia de São Salvador de Canidelo, a Capela de Nossa Senhora da Apresentação passou a acolher as cerimónias religiosas da nova freguesia.
No entanto este templo cedo se mostrou insuficiente para albergar toda a população local, pelo que em 1502 o povo de Azurara, aproveitando a passagem de D. Manuel por aquelas terras quando este se dirigia a Compostela, pediu ao rei permissão para edificar uma nova igreja paroquial.
A construção da nova matriz, dedicada a Santa Maria a Nova, ter-se-á iniciado nesse mesmo ano, tendo sido provavelmente terminada em 1522, data de conclusão do espaço da capela-mor. O edifício resultante assemelha-se muito à matriz de Vila do Conde, edificada na mesma época, embora esta apresente uma estrutura mais imponente.
O conjunto evidencia-se por algum ecletismo, derivado certamente da longa campanha de obras de que resultou a sua edificação. A estrutura manuelina, de grande sobriedade, é decorada com um portal principal decorado com motivos de grotesco , cujo conjunto é rematado por um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, vinda da primitiva capela de Azurara com a mesma designação. Este conjunto de linguagem ao romano derivou certamente dos modelos traçados na Matriz de Caminha, e que a partir das primeiras décadas do século XVI se alastraram a todo o Noroeste português.
Do lado esquerdo da fachada foi construída no final do século XVII a torre sineira, com balcão no segundo registo e oito aberturas sineiras no topo, cujo modelo é decalcado da torre da matriz de Vila do Conde, edificada pelo mestre João Lopes o Moço durante a década de 80 do século XVI. A estrutura exterior das naves é rematada superiormente por uma linha de ameias, e a cabeceira encontra-se flanqueada por quatro contrafortes.
O interior é composto por três naves de cinco tramos marcados por arcos de volta perfeita assentes em pilares lavrados com motivos vegetalistas. A capela-mor, de planta quadrada, é coberta por uma abóbada de nervuras de gosto manuelino, concluída em 1522 pelo mestre Gonçalo Lopes, conforme nos indica a inscrição feita junto à mesma.
No programa decorativo interior destacam-se ainda o revestimento azulejar da cabeceira, datado do século XVIII e proveniente da oficina de António Rifarto (Idem, ibidem) e as pinturas retabulares. Os altares das naves laterais apresentam pinturas quinhentistas, salientando-se os painéis maneiristas do retábulo de Nossa Senhora do Rosário, pintados cerca de 1574 por Francisco Correia. O actual retábulo da capela-mor foi executado em 1720 pelo entalhador Francisco Machado.
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