Sábado, 18 de Outubro de 2008

Guilherme Braga

 

 Guilherme da Silva Braga (Porto, 22 de Março de 1845 – Porto, 26 de Julho de 1874) foi um tribuno e poeta português.

Nascido na Rua de Sant'Ana, no bairro da Sé do Porto, Guilherme Braga era irmão de Alexandre José da Silva Braga, tio de Alexandre Braga, filho e amigo de infância de Alberto Pimentel. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, Guilherme Braga foi redactor-chefe da Gazeta Democrática, tendo-se correspondido com Victor Hugo. Traduziu o Atala de François-René de Chateaubriand, colaborou em diversas revistas e jornais, tais como Giralda, Diário da Tarde, Nacional e Luta.

A sua obra poética mostra constantemente o tema obsessivo da morte, pressentida dia-a-dia, expressa de forma tão coloquial que chega a lembrar Cesário Verde. Cultivou, também, a temática social e humanitária, de inspiração victor-huguana, e o lirismo amoroso, de tonalidade parnasiana. Nos seus versos, Guilherme Braga era violento contra os falsos ministros da religião, entusiasta apaixonado pela liberdade, de grande sensibilidade e ternura ao descrever as alegrias do lar.

Era casado com Maria Adelaide Braga, que sucumbiu dois meses depois do falecimento do marido. Alberto Pimentel, no livro intitulado Homens e datas, consagra um saudoso artigo biográfico à memória do desditoso poeta portuense, que morreu contando apenas 29 anos de idade, vítima de tuberculose, já depois de ter sofrido a perda de quatro filhos.

Texto: pt.Wikipédia

 

Últimas Palavras de Guilherme Braga: "Meu Deus! sofre-se assim e o céu cheio de estrelas"

Obras

  • Ecos de Aljubarrota, 1868
  • Heras e Violetas, Porto, 1869
  • O mal da Delfina, 1869
  • Os Falsos Apóstolos, 1871
  • O Bispo, 1874
  • Poesias, postumamente, 1898

Fonte: Wikipédia

POEMA:

9 DE JULHO

 

Troa um férvido rebate

Como signal de combate

Dentro dos muros sagrados!

Sejamos dignos herdeiros

Dos indomáveis guerreiros

Dos nossos dias passados!

Rindo, affrontemos os crimes,

Como apóstolos, sublimes!

Valentes, como soldados!

 

Saudemos a ideia santa

Que aos pés dos livres supplanta,

Quebra, esmaga as gargalheiras!

A ideia que n’estes muros

Acossa os corvos escuros,

Ergue as sagradas bandeiras,

E, ante um deus mentido e falso,

Riu do algoz no cadafalso,

Riu das ballas nas trincheiras!

 

Sim! d’essa ideia aos impulsos

Que o Porto desprenda os pulsos

Dos ferros da iniquidade!

Entremos na lucta ardente,

Filhos da raça valente,

Filhos da heróica cidade!

Com phrenetico delírio

Entre a gloria, entre o martyrio,

Saudemos a liberdade!

 

A liberdade! a estrella redemptora,

Cheia de imensa luz,

Que fulgia, serena como a aurora,

Na fronte de Jesus!

 

A liberdade! a ideia tormentosa,

Mil vezes n’um só,

Que rugia, tremenda e clamorosa,

Na voz de Mirabeau!

 

Se, á luz de mil granadas coruscantes,

Lh’ergueram novo altar

Nossos pães, ao saudal-a agonisantes,

Na serra do Pilar,

 

Sem medo aos sabres nus entre as espadas

Que ferem nossa mãe

Sobre estas velhas aras derrubadas

Saudemol-a também!

 

Mas ah! Porque a seus pés a nova guarda assoma,

E altiva lhe consagra os hynnos do futuro,

Tem nas veias o arder o torvo filtro impuro,

Dos Borgias e veneno! O bálsamo de Roma!

 

O escuro umbra et nihil, que Roma tinha á porta,

Negreja agora aqui nas armas da cidade!

O altar é mausuléo ! Filhos da Liberdade,

Enramae de laureis a campa d’essa morta!

 

 

In “Poesias” – Ed. R.V. – Barcelos – 1898

 

 


publicado por MJFSANTOS às 10:19
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Quarta-feira, 19 de Setembro de 2007

Ramalho Ortigão

Ramalho Ortigão
1836 - 1915

Ramalho Ortigão

 

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto a 24 de Outubro de 1836. Os primeiros anos da infância passou-os no campo, em casa da avó materna. Frequentou o curso de Direito em Coimbra, que não concluiu. De regresso à sua cidade natal, leccionou Francês, durante alguns anos, no Colégio da Lapa, dirigido por seu pai, onde teve como aluno o jovem Eça de Queirós.

Bibliografia:
Literatura de Hoje, 1866
Em Paris, 1868
O Mistério da Estrada de Sintra, 1871
Histórias Cor de Rosa, 1870
As farpas, 1871-1887
Banhos de Caldas e Águas Minerais, 1875
As Praias de Portugal, 1876
Teófilo Braga, 1879
Notas de Viagem, 1879?
Luís de Camões: a Renascença e os Lusíadas, 1880
A Lei da Instrução Secundária na Câmara dos Deputados em Portugal, 1883
A Holanda, 1885
John Bull, 1887
A Fábrica das Caldas da Rainha, 1891
O Culto da Arte em Portugal, 1896
Últimas Farpas, 1908
El-Rei D. Carlos, o Martirizado, 1908
Pela Terra Alheia, 1916
O Conde de Ficalho: retrato íntimo, 1919
Quatro Grandes Figuras Literárias: Camões, Garrett, Camilo e Eça, 1924
As Origens da Holanda, 1937
Primeiras Prosas: 1859-1867, 1944
Costumes e Perfis, 1944
Crónicas Portuenses, 1944
Contos e Páginas Dispersas, 1945
Figuras e Questões Literárias, 1945
Farpas Esquecidas, 1946
Arte Portuguesa, 1947
Carta de um Velho a um Novo, 1947
Correio de Hoje, 1948
Folhas Soltas: 1865-1915, 1956
O Rei vai Nu: História de uma vestimenta real, 1976
Ideias dos Dignos Pares sobre a Ginástica, 1987
Ele e Ela, 1991
Cartas a Emília, 1993
O mar, 1997

A partir de 1862 dedicou-se ao jornalismo. Foi crítico literário do Jornal do Porto e colaborou na Revista Contemporânea e na Gazeta Literária. Iniciou-se no jornalismo e na literatura no momento em que a segunda geração romântica dominava as letras portuguesas (Camilo, Soares de Passos, Arnaldo Gama...). Por esse motivo, não é de estranhar que tenha participado na célebre polémica conhecida por Questão Coimbrã, com o texto Literatura de Hoje (1866), defendendo António Feliciano de Castilho dos ataques que lhe eram dirigidos. Essa atitude acabou por levá-lo a enfrentar Antero de Quental em duelo.

Apesar disso, anos mais tarde, vamos encontrá-lo ao lado dos jovens da Geração de 70. Foi nessa altura que escreveu, em colaboração com Eça de Queirós, o Mistério da Estrada de Sintra (1871) e as primeiras Farpas. Quando Eça ingressou na carreira diplomática e foi nomeado cônsul em Havana (Cuba), Ramalho continuou sozinho a redacção das Farpas.

Em 1870 tinha sido admitido como funcionário da Academia das Ciências, o que lhe permitiu instalar-se definitivamente em Lisboa e dedicar-se, paralelamente, ao jornalismo e literatura. Anos mais tarde, em 1895, viria a ser nomeado bibliotecário do Palácio da Ajuda.

Ramalho Ortigão, embora tenha mantido durante dezenas de anos um certo prestígio, nunca ombreou com Eça ou Antero, como criador literário.

Com Eça de Queirós no estrangeiro, Ramalho aproximou-se de Teófilo Braga e organizou com ele as comemorações do tricentenário da morte de Camões.

Na fase inicial das Farpas, mostrou-se um observador atento e crítico da vida portuguesa. No espírito da Geração de 70, e recorrendo a um estilo irónico, pretendia aproximar Portugal das sociedades modernas de então. A partir de 1872, a sua formação mais tradicionalista impôs-se e passou a dar mais atenção aos aspectos pitorescos da realidade portuguesa e orientar-se por um certo bom senso burguês, pouco propício às mudanças radicais. Esse espírito conservador foi-se acentuando com a idade e, já no século XX, Ramalho acabou por se integrar na corrente nacionalista, então em formação.

Outro aspecto em que se distinguiu foi o das impressões de viagem, deixando-nos algumas obras que ainda hoje podem ser lidas com algum prazer.

Faleceu em Lisboa, a 27 de Setembro de 1915.

 

 

(Fonte:Aprender Português)


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