osé Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto a 24 de Outubro de 1836. Os primeiros anos da infância passou-os no campo, em casa da avó materna. Frequentou o curso de Direito em Coimbra, que não concluiu. De regresso à sua cidade natal, leccionou Francês, durante alguns anos, no Colégio da Lapa, dirigido por seu pai, onde teve como aluno o jovem Eça de Queirós.
A partir de 1862 dedicou-se ao jornalismo. Foi crítico literário do Jornal do Porto e colaborou na Revista Contemporânea e na Gazeta Literária. Iniciou-se no jornalismo e na literatura no momento em que a segunda geração romântica dominava as letras portuguesas (Camilo, Soares de Passos, Arnaldo Gama...). Por esse motivo, não é de estranhar que tenha participado na célebre polémica conhecida por Questão Coimbrã, com o texto Literatura de Hoje (1866), defendendo António Feliciano de Castilho dos ataques que lhe eram dirigidos. Essa atitude acabou por levá-lo a enfrentar Antero de Quental em duelo.
Apesar disso, anos mais tarde, vamos encontrá-lo ao lado dos jovens da Geração de 70. Foi nessa altura que escreveu, em colaboração com Eça de Queirós, o Mistério da Estrada de Sintra (1871) e as primeiras Farpas. Quando Eça ingressou na carreira diplomática e foi nomeado cônsul em Havana (Cuba), Ramalho continuou sozinho a redacção das Farpas.
Em 1870 tinha sido admitido como funcionário da Academia das Ciências, o que lhe permitiu instalar-se definitivamente em Lisboa e dedicar-se, paralelamente, ao jornalismo e literatura. Anos mais tarde, em 1895, viria a ser nomeado bibliotecário do Palácio da Ajuda.
Ramalho Ortigão, embora tenha mantido durante dezenas de anos um certo prestígio, nunca ombreou com Eça ou Antero, como criador literário.
Com Eça de Queirós no estrangeiro, Ramalho aproximou-se de Teófilo Braga e organizou com ele as comemorações do tricentenário da morte de Camões.
Na fase inicial das Farpas, mostrou-se um observador atento e crítico da vida portuguesa. No espírito da Geração de 70, e recorrendo a um estilo irónico, pretendia aproximar Portugal das sociedades modernas de então. A partir de 1872, a sua formação mais tradicionalista impôs-se e passou a dar mais atenção aos aspectos pitorescos da realidade portuguesa e orientar-se por um certo bom senso burguês, pouco propício às mudanças radicais. Esse espírito conservador foi-se acentuando com a idade e, já no século XX, Ramalho acabou por se integrar na corrente nacionalista, então em formação.
Outro aspecto em que se distinguiu foi o das impressões de viagem, deixando-nos algumas obras que ainda hoje podem ser lidas com algum prazer.
Faleceu em Lisboa, a 27 de Setembro de 1915.
(Fonte:Aprender Português)
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, São Martinho de Anta - Vila Real, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX.
Filho de gente humilde do campo do concelho de Sabrosa (Alto Douro), frequentou brevemente o seminário, e emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925 regressa a Portugal. Em 1927 é fundada a revista Presença de que é um dos colaboradores desde o início. Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro, "Ansiedade", de poesia. É bastante crítico da praxe e tradições académicas, e chama depreciativamente "farda" à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a formatura em Medicina, com apoio financeiro do tio do Brasil. Exerceu no início nas terras agrestes transmontanas, de onde era originário e que são pano de fundo da maior parte da sua obra.
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a Natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à Natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a Natureza mau grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga fazem do homem único ser digno de adoração.
Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa. Foi o primeiro vencedor do Prémio Camões.
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