A Casa e Quinta do Chantre devem a sua designação ao cónego da Sé do Porto, Fernando Barbosa de Albuquerque, que sucedeu como Chantre da referida Sé ao seu tio Manuel Barbosa, em 1736. Esta família gozava de grande proximidade com Nicolau Nasoni, o arquitecto que tão fortemente marcou o panorama arquitectónico do Porto, e do Norte do país, no reinado de D. João V, tendo-lhe encomendado diversas obras, entre as quais a casa do Dr. Domingos Barbosa, e a Casa de Fafiães. Note-se que a pedra de armas existente na fachada da Casa da Quinta do Chantre é igual à da Casa do Dr. Domingos Barbosa .
Muito embora não subsistam testemunhos documentais desta obra, as suas características particulares parecem ser suficientes para atribuir o seu risco a Nicolau Nasoni, que deverá ter trabalhado aqui na década de 40 do século XVIII, uma vez que alguns elementos decorativos se aproximam de outros empregues na igreja de Matosinhos e na capela da Quinta da Conceição em Leça, estes devidamente documentados.
No conjunto de casas de campo desenhadas por Nasoni, nos arredores do Porto (margens dos rios Douro e Leça), a Casa do Chantre ganha maior destaque por ser considerada uma das obras fundamentais na carreira do arquitecto. É, não apenas o maior solar de tipologia comum desenhado por Nasoni, mas principalmente aquele em que se percebe o gosto pelas grandes alamedas, enquanto elementos de dinamização do espaço. Contudo, e tal como acontece na Quinta de Ramalde, a vasta alameda da Quinta do Chantre traça uma linha directa entre a casa do portão, mas sem se impor efectivamente na organização da paisagem. À semelhança do que acontece um pouco por toda a Quinta, também no portão se concentram alusões heráldicas à família - os dois leões são símbolo dos Barbosa e as flores-de-lis dos Alburquerque.
A Casa é constituída por um bloco rectangular, de tendência claramente horizontal, apenas interrompido pela torre que se ergue ao centro da fachada principal. A pedra de armas dos Barbosa de Albuquerque encontra-se sobre a janela da torre, no eixo do portal principal. Esta fachada "(...) é, depois do Palácio do Freixo, o mais rico exemplar, nos arredores do Porto, da ideia que Nasoni expressou, no frontispício de Mateus, de uma passagem térrea central flanqueada por uma dupla escadaria conduzindo à entrada nobre da casa". De um dos lados da fachada e formando um ângulo recto com esta, situa-se a capela, rematada por frontão contra-curvado encimado por pináculos de dimensões consideráveis. O portal principal e a janela de sacada com balaústres situam-se no mesmo eixo central, recordando o esquema idêntico utilizado na capela da Casa de Fafiães.
Uma última referência para os chafarizes implantados junto ao portão, que tal como as janelas do jardim, apresentam vãos centrais, bastante recortados.
Muito embora não tenham subsistido testemunhos documentais relativos à maioria das casas de campo, nos arredores do Porto, que se encontram associadas à figura de Nasoni, a sua atribuição a este artista italiano tem sido defendida por diversos autores. É este o caso da Casa e Quinta de Fafiães, que tal como a Quinta do Chantre ou a Casa do Dr. Domingos Barbosa, devem resultar de uma encomenda da família Barbosa Albuquerque ao referido arquitecto italiano.
Manuel Barbosa de Albuquerque foi Chantre da Sé do Porto entre 1732 e 1736, época em que terá estabelecido contactos com Nasoni no sentido deste intervir em Fafiães, dado que a capela apresenta uma inscrição com a data de 1731. Esta ideia surge corroborada na investigação levada a cabo pelo historiador norte-americano Robert Smith, que ao analisar a obra de Nicolau Nasoni relacionou determinados elementos da Sé do Porto com a Casa de Fafiães. Entre outros, destacam-se os motivos de granito no muro que divide o jardim.
Este muro, situado no eixo da capela, separa a zona de acesso à Casa do espaço que lhe fica defronte, e onde sobressai a fonte, de remate sinuoso, com motivos muito semelhantes aos da portada do patamar da escada dos Clérigos. Assim, e neste conjunto arquitectónico e paisagístico de grande unidade, Nasoni terá optado por se aproximar do ideal de arquitectura civil europeu, em que todo o espaço "(...) é submetido a um grande eixo de desenvolvimento, onde a casa, como acontece nas villas italianas ou palácios franceses, se situava no centro deste eixo".
A planta da Casa desenvolve-se em L, com fachada principal marcada pelas escadas de lanço único, de acesso ao andar nobre. A porta e janela centrais, unidas num único motivo, concentram em si a decoração do frontispício. A capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro, que domina a zona lateral da Casa, a Norte, apresenta fachada rematada por frontão curvo e pináculos volumosos. Um remate que, de acordo com Smith, parece evocar os desenhos das gravuras do maneirismo flamengo. O portal, de desenho recortado, forma um bloco com a janela, também recortada, que se lhe sobrepõe. A sua concepção denota grande proximidade com a Capela da Quinta do Chantre, onde Nasoni optou por um esquema idêntico. Contudo, e ainda que mais planos, voltamos a encontrar uma série de elementos decorativos que recordam os utilizados na Sé portuense, nomeadamente ao nível da cartela da janela, das borlas do peitoril da janela ou das folhas de acanto no perfil da janela.
Foto: José Eduardo Gama (2006) - IPPAR
Texto: (Rosário Carvalho) - IPPAR
O sítio de Recarei deverá ter sido um dos primeiros locais habitados da freguesia de Leça do Bailio, surgindo referenciado em documentos desde o século XI. Todavia, a Casa e respectiva Quinta remontam ao século XV, sendo que o edifício que observamos actualmente foi construído no século XVI e modificado nas centúrias imediatamente posteriores.
Igualmente conhecida por Quinta do Alão, a Casa de Recarei deve esta designação à família Alão de Moraes, proprietária deste espaço desde o século XVII, em consequência do casamento de Maria Nunes Camelo, herdeira da Quinta, com Aleixo Alão de Moraes. As armas da família encontram-se patentes no portão da propriedade, num outro portão de dimensões mais reduzidas e ainda numa das fontes.
A Casa, de planta em forma de U, foi associada à capela de Nossa Senhora da Assunção já no século XVIII. Esta, apresenta fachada de linhas simples, rematada na empena por um torre sineira, situada no eixo do portal principal e da janela que se lhe sobrepõe. O alçado da Casa é bastante regular, destacando-se a escadaria e a varanda, melhoramentos contemporâneos da intervenção na capela.
O jardim, magnífico exemplar de arquitectura paisagística do século XVII, deverá remontar à época em que habitou a casa D. Cristóvão Alão de Morais, célebre genealogista e autor da Pedatura Lusitana. Organizado em plataformas desniveladas, tão características dos jardins do Norte, este espaço beneficia de um sistema de distribuição de águas, integrado no pavimento em caleiras de granito, que ainda existe. O que explica a existência de diversas fontes e chafarizes, que deveriam funcionar como reservatórios de água, a ser distribuída conforme necessário.
Os diferentes elementos arquitectónicos dispersos pelo jardim têm vindo a ser atribuídos a Nicolau Nasoni. Entre os mais significativos encontra-se uma fonte, cujo muro é rematado lateralmente por flores-de-lis e pináculos característicos da obra deste arquitecto italiano, ou o chafariz com um golfinho, motivo bastante utilizado por Nasoni. De acordo com Pinho Brandão, os pináculos que rematam as colunas, na entrada da Quinta, o portal de entrada no terreiro (semelhante a um outro da Quinta de Santa Cruz do Bispo), ou as duas edículas do jardim, deverão ser, igualmente, obra de Nicolau Nasoni.
Pequena capela setecentista de uma só nave de planta rectangular e sacristia adossada lateralmente também rectangular integrada na Quinta de São Félix de Picoutos. Os diferentes volumes são articulados com coberturas diferenciadas em telhado de uma e duas águas. A fachada é enquadrada por cunhais rematados por pináculos piramidais. O portal principal de vão rectangular é balizado por pilastras toscanas que suportam um frontão curvo interrompido, sobrepujado, sucessivamente, por uma janela envidraçada e um nicho emoldurado que já não contém o santo padroeiro. No topo, apresenta um campanário, de um só vão, rematado por um frontão triangular interrompido, sobre o qual se implanta uma cruz. O interior de nave única abobadada é iluminado pela janela da fachada principal e por duas outras gradeadas rasgadas nas paredes colaterais. De salientar ainda o coro-alto, apoiado por consolas de pedra e com varandim de madeira cujo acesso é feito pelo exterior. No altar existe um retábulo, em talha dourada, com colunas salomónicas revestidas por cachos de uvas, fénix e putti.
Classificado como monumento nacional, este imóvel medieval é considerado um dos melhores exemplares arquitectónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal. Da construção românica resta apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias. No interior, dividido em três naves, podemos admirar a capela-mor com abóbada de nervuras, a capela de Nossa Senhora do Rosário ou do Ferro e os túmulos de vários cavaleiros e frades, destacando-se a arca tumular de Frei João Coelho, Grão-Mestre da Ordem, com estátua jacente da autoria de Diogo Pires, o Moço, bem como a pia baptismal, cuja base é decorada por animais exóticos. No exterior, o Cruzeiro é também da autoria do mesmo mestre coimbrão. Foi neste Mosteiro que o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles.
Apesar da referência documental mais antiga deste monumento datar do ano de 1003, a fundação deste mosteiro é certamente muito anterior. Seria na época apenas um pequeno cenóbio albergando uma comunidade provavelmente beneditina. No séc. XII é doado aos monges-cavaleiros da Ordem de S. João do Hospital, tornando-se assim a primeira sede desta ordem em Portugal. A estrutura gótica do monumento remonta às obras de remodelação e ampliação efectuadas no séc. XIV por iniciativa do Balio D. Frei Estevão Vasques de Pimentel.
Do mosteiro resta apenas a igreja, de planta cruciforme, ladeada por uma alta torre quadrangular, provida de balcões com matacães, a meia altura e no topo, em ângulo, seteiras, dando à igreja um aspecto de verdadeira fortaleza militar.
No seu interior destaca-se, sobre a campa de Frei Estevão Vasques, uma placa de bronze, com diversos motivos decorativos e contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.
Está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16.06.1910 DG 136 de 23 de Junho de 1910.
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