Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008

IGREJA E EDIFÍCIO DA MISERICÓRDIA DE VILA DO CONDE

Foto: cmviladoconde


Embora o compromisso da sua fundação date de 1499, a irmandade da Misericórdia de Vila do Conde foi fundada em 1510. A confraria instalou-se numas casas contíguas à capela do Espírito Santo, tendo decidido em 1522 edificar uma igreja para a irmandade, com respectiva casa do consistório e hospital.

O terreno onde iria ser edificado o templo foi doado por Álvaro Fernandes da Rua e sua mulher, localizando-se na área fronteira ao velho hospital de Vila do Conde. No entanto, as obras da Casa da Misericórdia só se iniciaram em 1559, depois de demolida a capela de São Miguel o Anjo, situada nesse mesmo terreno.

O conjunto edificativo existente, composto pela igreja e pela casa do consistório, apresenta um modelo maneirista, de linhas sóbrias e depuradas. A igreja, de planta rectangular é precedida por escadaria, com portal principal de moldura rectangular ladeado por dois pares de colunas jónicas, num modelo de inspiração serliana, encimado por um conjunto de imagens de vulto, o da esquerda representando Nossa Senhora da Conceição, o da direita figurando a Visitação. A fachada é rematada em empena.

O interior da igreja, de nave única, é revestido por painéis de azulejo de padrão, fabricados na oficina lisboeta de Domingos Francisco e colocados em 1692, no mesmo ano em que foi construído o coro e os caixotões de madeira do tecto, pintados com motivos florais. Os retábulos colaterais, executados em 1662, estão separados da nave por uma grade de pau preto, e decorados por um conjunto de pinturas executado entre 1663 e 1666.

No século XVIII a igreja sofreu algumas alterações na sua estrutura interior. Nos anos de 1743 e 1744 os irmãos patrocinaram a edificação de uma tribuna, desenhada pelo arquitecto Nicolau Nasoni e decorada com talha, da autoria do mestre Manuel Rocha, e encomendaram um novo retábulo-mor, de talha barroca, possivelmente obra do mesmo mestre.

O edifício do consistório, onde terá funcionado também o hospital da irmandade, desenvolve-se em planimetria quadrangular, estando dividido em dois pisos. A fachada, também precedida por uma escadaria, possui portal de moldura rectangular, ladeado por dois janelos. No segundo registo foram abertas três janelas de sacada, duas de moldura rectangular encimadas por friso, semelhantes à porta, outra com arco conopial, de gosto manuelino. Esta moldura, de execução anterior à edificação da casa, poderá ter sido aproveitada da capela situada neste local, demolida para dar início à construção da Misericórdia. A sineira da igreja foi colocada sobre a fachada do consistório.

 
Texto: Catarina Oliveira / IPPAR/2005


publicado por MJFSANTOS às 06:27
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Domingo, 8 de Junho de 2008

Igreja da Misericórdia de Penafiel

Portuguese_eyes (2006)

 


Com existência conhecida desde o século XVI, e sediada na capela em frente da matriz, a Misericórdia de Penafiel apenas beneficiou de igreja própria na segunda década do século XVII. A sua edificação deve-se à iniciativa do padre Amaro Moreira, cujas doações e legados pios permitiram fortalecer a Irmandade e construir uma nova igreja (no denominado rossio das Chãs), na qual foi sepultado (na capela-mor). As obras tiveram início na década de 1620, estando concluídas, muito possivelmente, em 1631, data que figura numa inscrição patente na capela-mor, que nos informa ainda da dotação de Amaro Moreira. O partido arquitectónico adoptado é, de alguma forma, ambíguo, e ainda que se possa inscrever numa linguagem maneirista, motiva análises como a seguinte: "a igreja da Misericórdia corresponde a uma tipologia de austeridade, fiel à traça sem estilo, (...) que imperou pelo país desde o início da década de 60 do séc. XVI, com a tendência gradual para o predomínio das ordens dórica e toscana. Trata-se de um edifício assumido na sua forma chã, mesclado de elementos eruditos, no qual a gramática clássica se articula segundo uma estética de liberdade". O seu frontispício, concebido como um retábulo, inscreve-se nas denominadas fachadas-retábulos. É delimitado por pilastras, nos cunhais, que acentuam a sua verticalidade, sendo que a do lado direito separa o alçado da torre sineira, setecentista, que se eleva bem acima da linha da empena, terminando numa cúpula bolbosa, revestida por azulejos. No interior, a nave única e a capela-mor, alta e bastante profunda, são articuladas pelo arco triunfal, flanqueado por pilastras e encimado por frontão triangular. Na capela-mor, o tecto é em caixotões de cantaria, numa composição de linguagem seiscentista, tal como o arcosólio onde se inscreve o túmulo de Amaro Moreira e seus descendentes. O património integrado que hoje podemos observar neste interior é muito posterior, remontando na sua grande maioria ao final do século XVIII e inícios da centúria seguinte, e substituído os originais de época barroca. A linguagem aqui presente é já neoclássica, conhecendo-se os nomes dos entalhadores responsáveis pela execução dos retábulos.

Recuando alguns anos, importa referir uma das obras mais significativas de que o templo foi alvo, pois denuncia não apenas a importância da actualização estética do imóvel, e a adaptação às alterações urbanísticas do espaço envolvente, mas também o respeito pelo património construído e a aposição de um elemento que, no entanto, alteraria por completo a leitura do imóvel. Com o crescimento de Penafiel, a malha urbana envolveu a igreja, reduzindo significativamente o espaço fronteiro à fachada principal. Assim, foi decidido levantar um novo frontispício, virado para a praça, e que corresponderia ao corpo da nave e capela-mor do lado da Epístola. Esta imponente fachada, que seria flanqueada por torres, foi licenciada pela Câmara em 1764, mas as obras interromperam-se em 1769 por manifesta falta de recursos e algumas irregularidades. Dez anos mais tarde os trabalhos deveriam ter sido retomados, mas uma polémica entre a Irmandade e a Câmara devido às licenças necessárias, impediu que tal acontecesse, e o caso apenas foi resolvido em 1780, pelo Desembargo do Paço, a favor da Misericórdia. Todavia, a obra nunca foi concluída, e o que hoje observamos é apenas uma parte da monumental fachada projectada. De linhas e elementos decorativos rocaille, o alçado desenvolve-se em planta contracurvada, que destacam a composição central formada pela porta, nicho e óculo, flanqueada pelos cunhais onde se abrem os nichos. Ao lado, ergue-se a capela da Senhora da Lapa, de linhas menos eruditas, e edificada em substituição da parte da fachada que ficou por levantar. Da mesma época deverá ser, ainda, a capela do Senhor dos Passos, na cabeceira da igreja.

 


 

 

Portuguese_eyes (2006)

 


 

 

 

 

Texto: IPPAR - (RC)

Fotos: Portuguese_eyes (2006)

 


 


publicado por MJFSANTOS às 08:00
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