Texto: IPPAR - (Rosário Carvalho)
As origens do Mosteiro de São Pedro de Ferreira não estão, ainda, devidamente esclarecidas. Ao que tudo indica, o local possui uma longa história de ocupação, que remontará à época romana, mas, até agora, o conjunto não foi alvo de uma desejada intervenção arqueológica, que permita esclarecer esta e outras dúvidas. De acordo com Manuel Luís Real, que mais e melhor estudou este monumento, Ferreira aparece referida na documentação desde o século X, sendo muito provável que, logo no chamado repovoamento de Afonso III, se tivesse edificado um primeiro estabelecimento.
Os vestígios materiais mais antigos reportam-se aos finais do século XI, ou inícios do seguinte, e possuem outros paralelos no Douro Litoral. Sabemos, assim, que antes do actual edifício, outro existiu, com características estilísticas comuns a diversas igrejas da região, em particular as primeiras fases de Paço de Sousa, Travanca ou Manhente. Desse núcleo fazem parte diversos fragmentos, como restos de frisos em bilhetes, aduelas de entrançados, capitéis, etc., que ajudam a compreender o âmbito artístico desta primeira obra românica.
A actual igreja não foi começada antes dos finais do século XII. Em 1281, o mosteiro passou para a posse dos Beneditinos, que empreenderam, então, a construção que ainda hoje vemos. Apesar da datação relativamente tardia, e das proporções da sua igreja (que temos de considerar modestas), o conjunto constitui um dos nossos mais interessantes monumentos românicos, em especial pelos referentes regionais artísticos que confluíram no seu estaleiro. A marcha das obras terá sido bastante rápida, não se identificando rupturas no processo construtivo, o que poderá indicar uma situação de desafogo económico pouco comum na época.
Tipologicamente, trata-se de um templo de nave única, segmentado em quatro tramos, com capela-mor mais baixa que o corpo, dotada de duplo tramo, sendo o último semicircular. No exterior, manifesta-se, já, algum requinte construtivo, como o recurso a contrafortes nos pontos de apoio dos tirantes do telhado da nave (situação que se justifica pela sua grande altura), a utilização de bandas lombardas a todo o redor ou a disposição do portal principal, em desenvolvido e saliente gablete. No interior, sobressai a solução dada à capela-mor, com dois andares de arcarias, que integram três janelas fenestradas (em posição harmónica) e as restantes cegas, precedendo uma abóbada de cinco faces.
Manuel Real identificou três correntes essenciais para o singular produto aqui conseguido. As duas primeiras são uma constante da nossa arte românica e representam os dois principais focos de influência artística então em voga: Braga e Coimbra. À tradição bracarense deve-se o antigo tímpano (que seria idêntico ao de Unhão), mas também numerosos capitéis (em particular os do portal Sul), as impostas vegetalistas com cabeças humanas nos ângulos, ou os frisos cordiformes da ábside e do portal ocidental. À tradição conimbricense, por outro lado, atribui-se os capitéis exteriores da ábside e as arcaturas geminadas do interior da capela-mor, cujos toros, em alguns casos, diédricos, fazem com que as dominantes do românico coimbrão tenha chegado a Ferreira passando pela Catedral do Porto, onde sabemos terem trabalhado homens formados nos grandes estaleiros da cidade do Mondego.
Mas a Ferreira chegou um terceiro foco de realização: Zamora. As extremas semelhanças do portal principal da nossa igreja para com o Portal del Obispo da catedral zamorana (obra depois repetida em outras obras daquela região espanhola) denunciam a actividade de um mestre formado em Castilla la Mancha, ao mesmo tempo que outros canteiros de formação portuguesa laboravam no conjunto.
Terminada a obra, Ferreira foi também o ponto de partida para outro núcleo estilístico, baptizado de "Românico nacionalizado" por Manuel Monteiro, que caracterizará toda a primeira metade do século XIII no interior da região do Porto.
Fonte: IPPAR - PAF
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