A primitiva matriz de Vila do Conde, um edifício medieval de que não resta qualquer vestígio, situava-se no Monte Castro de São João, fora do perímetro urbano. Cerca de 1496 foi ordenado que se edificasse uma nova igreja no Campo de São Sebastião, cuja obra ficou a cargo do mestre biscainho João Rianho.
Durante a sua peregrinação a Santiago de Compostela em 1502, D. Manuel I ficou hospedado em Vila do Conde, e no regresso da viagem enviou uma carta para a edilidade local onde concedia financiamento à obra e enviava uma planta com a traça do novo templo.
Na primeira fase de edificação empreendeu-se a construção da cabeceira, terminada em 1506, e a abóbada da abside, colaborando na campanha o mestre Gonçalo Anes e o biscainho Rui Garcia de Penagós, que em 1509 dirigia a fábrica de obras.
No ano de 1511 a direcção das obras era entregue ao arquitecto João de Castilho, e no ano de 1515 a estrutura estava terminada, abrindo-se ao culto três anos depois.
De planta em cruz latina, composta por três naves de diferentes alturas e cabeceira tripla, a Matriz de Vila do Conde repete o módulo das hallenkirchen manuelinas, de que fazem parte, entre outros, os templos de Freixo de Espada à Cinta, Arronches, ou Azurara (LEITE, 2005, pp. 103-104).
O grandioso portal axial trilobado, obra de João de Castilho, profusamente ornamentado, ladeado por contrafortes e pináculos com cogulhos vegetalistas, dá "um novo tom à edificação" manuelina, sendo o seu modelo repetido no templo de Azuaga, perto de Badajoz (PEREIRA, 1995, pp. 67-68).
Do lado esquerdo da fachada, João Lopes o Moço ergueu em 1573 a torre sineira quadrangular (REIS, 2000, p. 166), cuja maciça estrutura pouco ornamentada e excessivamente vertical sobressai no ritmo da frontaria.
No interior destaca-se a cobertura da capela-mor, em abóbada de "combados" da autoria de Castilho, e as abóbadas dos absidíolos, uma com lanternim e outra decorada com baixos relevos que apresentam vestígios de policromia. As duas capelas abertas no transepto, de edificação quinhentista, possuem retábulos de talha dourada barroca e azulejos seiscentistas.
Texto: Catarina Oliveira - IPPAR/2006
O Forte de São João Baptista da Foz, também conhecido como Castelo de São João da Foz, localiza-se na freguesia de Foz do Douro, no concelho e Distrito do Porto, em Portugal.
Ergue-se em posição dominante na barra do rio Douro, guarnecendo o acesso fluvial à cidade do Porto.
Iniciado durante o reinado de D. Sebastião (1557-1578), em 1570, sob a supervisão de João Gomes da Silva, diplomata e homem de confiança da Corte, constituía-se em uma simples estrutura abaluartada, envolvendo o hospício (mosteiro) e a igreja dos beneditinos de Santo Tirso (Igreja Velha) antigas estruturas medievais.
O bispo de Viseu, D. Miguel da Silva edificou neste local uma igreja e paço abacial anexo, para os quais recorreu aos projectos do arquitecto Francesco de Cremona recrutado em Itália; conjuntamente com o Farol de São Miguel-o-Anjo (concluído em 1527), que dista do local poucas centenas de metros, resultaram da sua acção mecenática e constituiram a primeira manifestação de arquitectura renascentista no Norte de Portugal (a capela-mor e nave da igreja, com o envolvimento da estrutura abaluartada e o desmonte da cobertura, funcionaram como praça de armas do forte).
Com a Guerra da Restauração da independência impôs-se a remodelação da fortificação. Receando uma invasão espanhola pela fronteira norte do reino, o rei D. João IV (1640-56), em 1642 despachou para a cidade do Porto o novo Engenheiro-mór do Reino, o francês Charles de Lassart. Este teve oportunidade de constatar, in loco, a ineficácia da estrutura seiscentista diante dos meios ofensivos setecentistas, e elaborou-lhe um novo projeto que a ampliava e reforçava. As obras ficaram a cargo do jesuíta João Turriano. Entretanto, problemas suscitados pela fonte dos recursos junto à Câmara Municipal do Porto e problemas pessoais do Tenente-governador da fortificação Pinto de Matos (1643-1645) atrasaram sensívelmente o início das obras.
Com a nomeação de Martim Gonçalves da Câmara, como substituto de Pinto de Matos (Maio de 1646), as obras foram finalmente iniciadas, com a demolição da Igreja Velha no mesmo ano. Tornadas prioritárias diante a invasão do Minho por tropas espanholas, encontravam-se concluídas em 1653. Dois anos mais tarde, era considerada a segunda do Reino, logo após a de São Julião, e a chave dela [cidade do Porto] com a qual não só se [a] assegurava mas toda a Província do Entre-Douro e Minho e a da Beira. Ao final do século XVII, em 1684 estava guarnecida por 22 artilheiros, congregando seis regimentos de Cavalaria e dezoito de Infantaria.
No início do século XIX durante a Guerra Peninsular, a 6 de Junho de 1808, o Sargento-mor Raimundo José Pinheiro ocupou as suas instalações, e, na madrugada seguinte, fez hastear no seu mastro a bandeira das Quinas, primeiro ato de reação portuguesa contra a ocupação napoleônica. A fortificação estaria envolvida poucos anos mais tarde nas Revoltas liberais, tendo protegido, durante o cerco do Porto (1832-1833), o desembarque de suprimentos para a cidade.
Diante da evolução das embarcações e da artilharia, progressivamente perdeu a função defensiva, sendo utilizada como prisão para presos políticos. Entre os nomes ilustres que estiveram detidos nos seus cárceres, relancionam-se os de José de Seabra da Silva (à época do Marquês de Pombal) e os liberais José de Passos Manuel e Duque de Terceira.
No século XX foi residência da poetisa Florbela Espanca, esposa de um dos oficiais da guarnição. Recentemente, na primeira metade da década de 1990, o monumento sofreu intervenção arqueológica sob a responsabilidade do Gabinete de Arqueologia Urbana da Divisão de Museus e Patrimônio Histórico e Artístico da Câmara Municipal do Porto. Atualmente sedia o Instituto da Defesa Nacional.
No século XVII, o projecto de Lassart, embora modificando a orgânica da estrutura, não tocava no essencial da defesa quinhentista. A antiga igreja, inserida na área militar, foi demolida, desaparecendo a parte central da fachada, sendo abertas as torres, removidas as lajes das campas no seu pavimento (reaproveitadas na alvenaria) e apeada a abóbada (a primeira em estilo renascentista do país). Agora a céu aberto, passou a servir como praça de armas, enquanto os seus anexos foram soterrados para consolidar o terrapleno do baluarte leste. Os nichos dos altares laterais foram entaipados por muros de alvenaria de pedra.
A partir da realidade imposta pela irregularidade do terreno e pela fortificação preexistente, a planta da nova estrutura apresenta o formato de um quadrilátero retangular orgânico com três baluartes e um meio baluarte, concentrando o fogo da artilharia pelo lado de terra, dadas as dificuldades naturais de transposição da barra do rio Douro. O único baluarte de traçado regular é o que aponta para a barra; dos dois voltados para o lado de terra, o do leste, é excepcionalmente pontiagudo, terminando num esporão de grande altura, enquanto que do oeste prolonga-se por um espigão destinado a eliminar um ângulo morto, atualmente quase encoberto pelo aterro viário.
O novo portal de acesso ao forte, em estilo neoclássico, foi construído pelo Engenheiro Reinaldo Oudinot (1796), dotado de ponte levadiça, corredor de entrada acasamatado e corpo de guarda tapando a fachada palaciana no lugar de um revelim seiscentista. Esta foi a última obra promovida, embora ainda se encontrasse incompleta em 1827.
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