O mosteiro construído no século XVI pelos cónegos regrantes de Santo Agostinho na encosta da Serra do Pilar tem grande parte da sua história ligada aos ofícios militares. Uma relação que será reforçada até ao final do ano, quando receber o espólio do Museu Militar do Porto.
O Mosteiro da Serra do Pilar prepara-se para acolher uma parte significativa ou mesmo a totalidade da colecção do Museu Militar do Porto. O processo de transferência está a ser estudado pela Direcção de História e Cultura Militar e será depois também avaliado pela Direcção de Infra-estruturas e Engenharia do Exército. Esta observação vai permitir definir a vocação do espaço, o espólio a guardar, conservar, estudar e divulgar, os públicos a que se destina e o orçamento a ele destinado. São estes, portanto, os elementos em análise para permitir estabelecer um conjunto de programas – museológico; museográfico; histórico-científico; educativo, de arquitectura; administrativo; financeiro – que, quando concluídos, permitirão realizar aquilo a que normalmente se chama Projecto de Museu. “O desenvolvimento de cada um deles, originando a respectiva parte do plano global, só se consegue recorrendo a uma equipa pluridisciplinar ou a um conjunto coordenado de várias entidades”, afirmou a O PRIMEIRO DE JANEIRO José Paulo Berger, chefe da repartição de Planeamento e Gestão do Património do Exército. A versão final do projecto de reconversão do Mosteiro da Serra do Pilar, actualmente à guarda do Regimento de Artilharia n.º 5, deverá ser apresentado até ao final de Setembro. De acordo com o calendário estipulado pelas entidades envolvidas, a transferência deverá ficar concluída antes do final do ano.
Abertura progressiva
O objectivo desta iniciativa é dar um passo na estratégia de aproximação e abertura da instituição militar à sociedade civil. Já agora, de resto, tanto o mosteiro como o quartel do Regimento de Artilharia n.º 5 abrem as suas portas à curiosidade das escolas do primeiro ciclo, registando um nível médio de visitas estimado na ordem do meio milhar/ano.
Para o comandante desta unidade, Rui Clero, “a possibilidade de abrir o mosteiro, dar-lhe utilidade, servir o público e garantir a ligação militar que existe neste espaço há mais de dois séculos é fundamental e já deveria ter sido feita há mais tempo”. Neste momento está a ser ultimado o levantamento sobre as necessidades de requalificação e recuperação do interior do mosteiro, já desocupado há algum tempo. Quando foi para ali destacado, há um ano, Rui Clero deixou-se surpreender, primeiro pelo património. Depois, rendeu-se ao espaço e à vista: é um planalto sobre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia: “Um observatório da História e da metamorfose do tempo”.
(Fonte: PJ)