Foto: Maria Inês Dias - 04/08/06 - IPPAR
Inscrita na malha urbana de Valongo, a casa do Anjo São Miguel destaca-se pela fachada totalmente revestida a cantaria, em contraste com outras que a ladeiam e onde, já o século XX, foram aplicados pequenos azulejos rectangulares monocromáticos.
São muito escassas as informações relativas a este imóvel, conhecendo-se apenas a data da sua edificação, em 1766, conforme a inscrição presente na cartela sobre a porta principal.
O frontispício, de dois andares, é aberto por uma porta e uma janela, no piso térreo, e outras duas, de sacada, no andar superior. Todos os vãos são de linhas rectas e a janela inferior exibe moldura com avental trabalhado, e uma vieira no lintel. Ganham especial relevância as mísulas que suportam a varanda, cujos remates são esculpidos como rostos.
Como era habitual na arquitectura civil setecentista, o piso nobre beneficiava de um tratamento mais cuidado, que no caso deste imóvel se manifesta nos brincos das ombreiras e na cornija, volumosa. Esta, forma um semicírculo na área que existe entre as janelas de sacada, acolhendo e conferindo um maior destaque à escultura de São Miguel, à qual a casa deve a sua designação. A iconografia seguida na execução desta imagem é a que tradicionalmente se relaciona com o arcanjo, e que representa S. Miguel combatendo o dragão. De facto, observamos aqui a figura do anjo, erguido sobre o dragão, e a segurar a lança que projecta sobre o animal numa das mãos, enquanto, na outra, deveria pender uma balança, alusiva à condenação e à salvação. Este episódio pode encontrar-se nos seguintes versículos do Apocalipse (Ap. 2, 7-9): "Depois, travou-se uma batalha no céu: Miguel e seus anjos declaram guerra ao Dragão. O Dragão e os seus anjos combateram, mas não resistiram. E nunca mais encontraram lugar no céu: o grande Dragão - a serpente antiga - a que chamam também Diabo e Satanás - o sedutor de toda a humanidade, foi lançado à terra; e com ele foram lançados também os seus anjos".
Apostas à cornija, e no eixo dos vãos, encontram-se ainda duas cartelas de elementos concheados. No interior, apenas uma das salas do andar nobre apresenta tecto em masseira e uma fonte-lavabo, em granito.
Sem a imponência de um grande solar urbano, e sem a ostentação de poder conferida pelos elementos heráldicos destas habitações, a casa do Anjo São Miguel destaca-se, exactamente, pela figura que lhe dá o nome, e que constitui uma espécie de registo (boa parte dos quais em azulejo), em que São Miguel é, muito possivelmente, invocado como protector desta casa.
Localizada na antiga estrada medieval que ligava o Porto a Guimarães, a pequena ponte de São Lázaro tem sido tradicionalmente atribuída à época romana, hipótese que, recentemente, por ocasião do restauro da estrutura, veio a ser encarada como muito provável, na medida em que se identificou um silhar almofado, com "recorte romano" e "marca dos ferrei forfex". Paralelamente, o perfil redondo do arco central, apesar de bastante modificado, é outro indicador acerca da sua maior antiguidade.
Apesar desse cada vez mais provável passado romano, a ponte que chegou até aos nossos dias data da Baixa Idade Média, cronologia que é confirmada pelas suas características estruturais e pela parca documentação que a ela se refere. Pelas Inquirições de 1258 sabemos que, associada à ponte, existia uma gafaria de leprosos, solução que tem eco em outras estruturas de passagem da Idade Média portuguesa, em particular em meios rurais. Esta informação atesta a existência da ponte em meados do século XIII, assim como confirma a sua importância no contexto regional, a ponto de aqui se ter implantado uma instituição de assistência. Essa gafaria, a seu tempo, transformou-se em Hospital, sendo referido em 1747, altura em que lhe estava anexa uma capela e algumas casas nas imediações. Pela longa duração desta gafaria, facilmente nos apercebemos da sua relação com a ponte, evocando-se, assim, "um rosário de tragédias e repulsas" tão característico da marginalidade social a que muitos indivíduos foram sujeitos ao longo da História.
A ponte propriamente dita compõe-se de dois arcos desiguais, um mais amplo e central, lançado sobre o leito do rio Leça, e outro menor, do lado da margem esquerda, destinado a melhor escoar a água em épocas de forte correnteza. Ambos são construídos com aduelas compridas e estreitas (características da Baixa Idade Média), apesar de formarem uma volta perfeita; o seu intradorso é extremamente regular, constituído por silhares bem aparelhados e dispostos horizontalmente.
O mesmo não podemos dizer a respeito do aparelho de enchimento, que é revelador das sucessivas fases de consolidação da estrutura. Recorrendo a fiadas horizontais de blocos genericamente rectangulares, ele apresenta numerosos cotovelos e cortes verticais, caracterizando-se por uma composição pseudo-isódoma que contraria a regularidade plena das estruturas romanas e, até, das baixo-medievais. O facto de algumas pedras apresentarem siglas de canteiro confirma a cronologia pelo século XIII, mas muitas outras existem que não possuem qualquer marca, o que indica ter o monumento sido alvo de reconstruções na Idade Moderna.
O tabuleiro é o principal elemento de cronologia medieval. Disposto em cavalete de dupla rampa e lajeado com grandes blocos, tem uma largura máxima de c.3,2m, ideal para a passagem de carros de tracção animal que deixaram a sua marca em duas linhas de sulco no pavimento. Originalmente, a passagem era protegida por "guardas em granito de remate boleado", de que se encontraram algumas durante o restauro.
Em 1995, a Câmara de Valongo procedeu a obras de consolidação da estrutura, substituindo-se, então, o lajeado do pavimento, reconstituindo-se as guardas em granito e impermeabilizando-se o tabuleiro, através de uma solução não visível do exterior. No ano seguinte, a autarquia promoveu um arranjo parcial das margens, com regularização do curso do rio e definição de uma zona de lazer.
À saída da ponte, a capela de São Lázaro recorda o passado assistencial do local. A sua configuração actual data da época moderna, mas conserva os dois elementos espaciais essenciais de um templo com estas características: o santuário propriamente dito (composto por nave única e sem capela-mor individualizada volumetricamente) e um alpendre suportado por pilares e protegido por muro a todo a volta.
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